Tuesday, December 26, 2006

Drummond











"Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano,

foi um indivíduo genial.
Industrializou a esperança
fazendo-a funcionar no limite da exaustão.

Doze meses dão para qualquer ser humano
se cansar e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa
outra vez
com outro número e outra vontade de acreditar
que daqui para adiante vai ser diferente...

Para você,
Desejo o sonho realizado.
O amor esperado.
A esperança renovada.

Para você,
Desejo todas as cores desta vida.
Todas as alegrias que puder sorrir.
Todas as músicas que puder emocionar.

Para você neste novo ano,
Desejo que os amigos sejam mais cúmplices,
Que sua família esteja mais unida,
Que sua vida seja mais bem vivida.

Gostaria de lhe desejar tantas coisas.
Mas nada seria suficiente...
Então, desejo apenas que você tenha muitos
desejos.
Desejos grandes e que eles possam te mover a
cada minuto, ao rumo da sua felicidade!"

(Carlos Drummond de Andrade)

Saturday, December 23, 2006

Tuesday, December 12, 2006

O Violino Vermelho

Um violino extremamente raro vai a leilão. O que dá a ele um valor inestimável? O filme de François Girard mostra a trajetória do instrumento por três séculos. Causa ou testemunha de paixões? Até que ponto definiu a vida daqueles a quem pertenceu? Um filme que procura responder à pergunta do expert em violinos: O que você deve fazer, quando a coisa que você mais deseja acontece?

A narrativa, não linear, conduz o espectador por insights, jogando de forma competente com tempo e perspectiva.

Fique atento, pode haver um violino vermelho perto de você!

Sunday, December 10, 2006

Wednesday, December 06, 2006

Carly Simon



















Para quem ainda compra CDs e gosta de música americana vai aí uma sugestão: o disco da cantora Carly Simon - Moonlight Serenade, agora em edição brasileira.

Famosa na década de 70, Carly Simon apresenta agora uma coletânea de sucessos da época das big bands. O tom intimista é criado pelo contraponto entre a voz da cantora e acompanhamento em clima de "happy hour".

Clique na capa do disco para ouvir os "samples" das faixas.

Monday, December 04, 2006

Monday, November 20, 2006

Carolina Reston



Com passagem pela Ford, Armani, Elite Model e L'Equipe, a modelo Ana Carolina Reston chamava atenção por inteiro. Queria estudar oceanografia e, profissionalmente, ganhar dinheiro.


Morreu aos 21 anos, em consequência de anorexia, disfunção psíquica que altera a percepção da própria imagem. Uma pessoa anoréxica, mesmo sendo extremamente magra não se vê como tal, procura emagrecer ainda mais e priva-se de uma alimentação mínima, o que pode terminar desencadeando um desequilibrio metabólico muitas vezes irreversível.

Profissional de projeção média, a morte deu à modelo celebridade instantânea. Manchetes de jornais, capa de revistas semanais e uma explosão de recados na sua página pessoal na internet.

Para conhecer um pouco de sua personalidade, vai abaixo o texto com que Carolina se apresentava na WEB.


"MOMENTO CURTO E REPENTINO
ONDE O TEMPO PARA
E AO REDOR NADA EXISTE
COM OS OLHOS ELE CONTEMPLOU,
UM CERTO DIVINO E MARAVILHOSO,
UMA BELEZA QUE SILENCIA,
E SENTIU-SE FASCINADO
PELA MULHER E SEU MISTÉRIO,
QUEM REALMENTE ERA A GAROTA,
QUE SORRIA E FESTEJAVA
E MESMO NO CARNAVAL ESCONDIA UMA LAGRIMA?
SEDUZIDO PELA SITUAÇAO,
DESEJANDO CONHECE-LA EM ESSÊNCIA PERGUNTA:
QUEM ERA ELA ENTÃO?
O QUE QUERIA?
AGUARDAVA POR RESPOSTAS COMPLEXAS
CHEIA DE ARMADILHAS
MAS A GAROTA COM UMA SIMPLICIDADE APENAS SORRIA !
E COM OLHOS CHEIOS DE VIDA
APENAS DIZIA QUE SER FELIZ ERA O QUE QUERIA.
E A SINCERIDADE DAS PALAVRAS
TOCARAM-NO NAQUELE MOMENTO
DEPOIS, TODAS AS HORAS PASSADAS,
TRAZIAM CONSIGO AS PALAVRAS NO PENSAMENTO.
E SE DEU CONTA QUE AQUELE CAPÍTULO NÃO HAVIA CESSADO
PEGOU SEU VELHO LIVRO E SORRIU
FOI DORMIR
SEM CONSEGUIR PARAR DE PENSAR. "

Wednesday, November 15, 2006

Magic Photo Editor

Propaganda da Dove. Bem, eles não prometem o mesmo efeito.


Friday, November 10, 2006

Espaçonave Terra - TV Escola

Saiba porque existem as estações do ano, as marés e os eclipses. Acompanhe a interação dos movimentos dos planetas e suas luas dentro do sistema solar. Saiba que agora mesmo você está viajando ao redor do Sol a uma velocidade de 107.000 quilômetros por hora. São informações que você terá assistindo a série Espaçonave Terra, apresentada pela TV Escola, do MEC. São 52 episódios com 10 minutos de duração. Cada um corresponde a uma semana da viagem de um ano da Terra ao redor do Sol. Produzida em 1996, com animação 3D - francesa, a série mostra que televisão, diversão, ciência e cultura podem ser conciliáveis.

Abaixo um capítulo do programa.

Thursday, November 02, 2006

O Planetário Era Assim


Inaugurado em janeiro de 1957, o Planetário de São Paulo foi durante anos um passeio obrigatório e diferente. Clique aqui para ler uma descrição de como eram as sessões.

Sunday, October 29, 2006

70' Musical - X a n a d u


No final dos anos 70 tentou-se a reedição do musical cinematográfico. Não deu certo. Os anos de ouro para o gênero já haviam passado. Mas algumas produções acabaram se tornando memoráveis. Lançado em 1980 e estrelado pela cantora australiana Olivia Newton-John, X a n a d u é um exemplo do bem e do mal inerentes à irreversibilidade do tempo.
O filme resume-se a uma história água-com-açúcar e serve de laboratório para a apresentação de um mix de estilos musicais.

Divulgação.

Wednesday, October 25, 2006

HP 12 C



Você já ouviu falar da HP 12C? Trata-se do maior sucesso dentre as calculadoras produzidas pela Hewlett-Packard. Lançada em 1981, os vinte e cinco anos de estrada não abalaram o prestígio desta máquina, a princípio estranha: quando você a liga ela pode vir com números na memória e no visor. E pior ainda, não tem sinal de igualdade! Tudo bem, ela não precisa. No começo parece impossível a um mortal acostumado com uma calculadora comum operá-la, mas depois que você se acostuma dificilmente vai conseguir fazer o caminho de volta. Basicamente o teclado tem tripla função: A face branca das teclas realiza a operação indicada na superfície; funções indicadas em amarelo sobre as teclas são acionadas pressionando-se o f amarelo antes da tecla; e finalmente, as funções em azul, indicadas na lateral inferior das teclas, cuja utilização deve ser precedida pelo pressionamento da tecla g azul.

A máquina trabalha dentro de uma estrutura chamada pilha operacional, na verdade quatro memórias sucessivas sendo as duas primeiras chamadas de "operadores" visto a efetivação das operações entre elas.

Memória t
Memória z
Memória y
Memória x (aquela que você vê no visor)

As operações são realizadas entre sempre entre y e x.

Os dados são registrados em x (visor).
A tecla enter "empurra" os dados para y, mantendo uma cópia provisória em x, que desaparece quando um novo dado é digitado.
Estando y carregada, um novo enter manda os dados para z e mais um para t.
Ao se digitar um sinal de operação esta é feita entre y e x, ao mesmo tempo que as memórias t e z baixam um nível, mantendo, entretando cópia dos dados, até que um novo enter determine a sua substituição.

CLX Limpa o conteúdo da memória x (visor)
f REG (função amarela acima de CLX) limpa todas as memórias
Para extração de raízes de índice superior a 2, eleve o número (tecla y elevado a x) ao expoente fracionário de numerador 1 e denominador igual ao índice da raíz).
f seguido de um número indica o número de decimais.

Exemplo 1:

2 + 3
Tecle 2 Enter 3 +
o resultado 5 aparece na tela.

Exemplo 2:
Extraia a raíz cúbica de 8
Tecle 8 Enter 1 Enter 3 : e a seguir a tecla y elevado a x.


A tradição da HP manteve-se inclusive no preço, que continua no padrão do início dos anos 80. Enquanto você compra uma calculadora científica por R$20,00 ou R$30,00 o custo de aquisição de uma HP 12 C fica por volta de R$300,00. Se você quiser testar a máquina clique na imagem acima, isso permitirá o download (Zip) de um emulador.

Mas atenção: suas configurações regionais devem estar à americana. Decimais separados por ponto, agrupamentos por vírgula e a data no formato MM/dd/aaaa, caso contrário as operações com data não funcionarão.

Saturday, October 14, 2006

Documento Especial

Apresentado por Roberto Maya, Documento Especial - da Rede Manchete de Televisão - estreou em 1989 e se propunha a ser uma alternativa ao jornalismo pasteurizado da Globo. Reportagens investigativas e uma abordagem ousada de temas controversos davam ao programa um subtítulo: Televisão Verdade.

Assista abaixo a também inovadora abertura criada para a série.

Folha de São Paulo

Numa disputa por credibilidade, os jornais O Estado de São Paulo e a Folha de São Paulo propiciaram a criação de peças publicitárias interessantes, veja esta - de 1988:

Thursday, October 12, 2006

Millie

Para quem quiser conhecer a Millie, de 1967:



Monday, October 09, 2006

Jornada nas Estrelas



A missão de cinco anos da nave estelar Enterprise foi apresentada ao público em 80 episódios, produzidos entre 1966 e 1969, que estabeleceram novo referencial para o gênero Sci-Fi . Embora a nave levasse mais de 400 tripulantes, a trama era construída sobre um núcleo que apresentava três visões distintas, mas complementares, da realidade. O Capitão James T.Kirk, impulsivo e capaz de uma opção instintiva pela melhor ação; o Primeiro Oficial Sr.Spock, natural do planeta Vulcano, com o pensamento balizado pela lógica pura e, finalmente, pelo Oficial Médico Dr.McCoy, guiado acima de tudo pelos valores éticos e humanos.

Produzida pela Desilu Studios, de Desi Arnaz e Lucille Ball, a escassez de recursos financeiros era compensada pela criatividade no roteiro e pela abordagem contextual inovadora para a época, como a existência de uma oficial negra, a Ten. Uhura, fato insólito numa América recém saída de uma ostensiva segregação racial. Também é notável, em uma década em que os Estados Unidos estavam dominados por uma exacerbada cultura anti-comunista, encontrarmos na ponte de comando, ao lado do piloto japonês Ten. Sulu, um russo: Pavel Chekov.

Os filmes começavam sempre com o registro no diário de bordo do capitão, com a citação da data-estelar, sistema de contagem de tempo em dias julianos (um único número positivo indica uma data, considerando-se os dias e a fração de dia decorridos partir de um referencial), sendo impossível datar o período em que a estória transcorria, podendo, conforme certa vez disse Gene Roddenberry, criador da série, ser entre o século 21 e 31. Só mais tarde, no final da década de 80, quando foi criada a série – Star Trek The Next Generation – é que se definiu o final do século 23 como a época em que se passam as aventuras da série clássica de Jornada nas Estrelas. Entre as dezenas de séries produzidas para TV nos anos 60, superando todas as expectativas da época, Jornada nas Estrelas tornou-se Cult, inspirando seqüências situadas antes e depois do período retratado na série original.

A força dos motores a dilítio, sob os cuidados do Engenheiro Chefe Scott, mostrou-se ainda suficiente para vários filmes destinados ao cinema e para a reedição em DVD.

Com fãs espalhados por todo o mundo, a série demonstra como uma boa idéia, bem trabalhada, pode ter vida longa e próspera.



Sunday, October 08, 2006

James West

Se você quer saber mais sobre James West, clique aqui.

Closer

Sunday, October 01, 2006

The Sound of Music

Na década de 60, quase tão popular quanto os Beatles, a noviça Julie Andrews era presença constante nas telas. Com carreira iniciada na Broadway em 1954, a grande oportunidade veio em 1964, na produção de Disney: Mary Poppins.
O sucesso nos musicais levou a Millie, de 1967, a um salário de 1.000.000 de dólares.
Passados 40 anos, sente-se o peso do tempo nos filmes, mas não na voz de Julie Andrews, que seria a mesma, se pudessemos reescrever uma época.

Thursday, September 14, 2006

Sob os Céus de Paris

Embora não seja um projeto de Lina Bo Bardi, é chegada a hora da torre acima contar com um patrocínio. Porque não da Telecom? Podendo ostentar seu nome na famosa estrutura, a multinacional das comunicações se sentiria grata em assumir boa parte das despesas com a manutenção do monumento; afinal se ninguém é de ferro, a torre é. Anualmente, toneladas de tinta são necessárias para manter o oxigenio longe do metal. E tanta tinta custa muitos, muitos euros. Sem falar que o QRS que se destaca no horizonte parisiense passaria a ter, além de nome, sobrenome. Na verdade é uma idéia bem mais cativante do que se construir, ao lado da torre já existente, uma nova Babel, dotada de mirante com vista para o mar, pelo menos nos dias claros...; mesmo que saída da prancheta de um arquiteto da magnitude de um Júlio Neves.

Ao se aproveitar a torre atual, além de economizarmos o custo da construção de uma nova, impediriamos que o novo projeto descaracterizasse o horizonte que nos é tão caro. Sem falar que preservariamos a torre que temos hoje da sombra desta nova construção, próxima demais para ser inofensiva e utilitária demais para substituir o símbolo da engenharia romântica do entardecer do século XIX.

Allons enfants de la patrie! Que o terceiro centenário da revolução encontre o reluzente nome da Telecom, sob os céus de Paris!

Sunday, August 20, 2006

Música Brasileira - em 78 RPM



Clique no selo acima para acessar o site do Instituto Moreira Salles, lá você tem à disposição milhares de músicas brasileiras tiradas de antigos 78 rpm, com chiado e tudo! É uma amostra interessante da discografia nacional, desde gravações feitas para a Casa Edson - Rio de Janeiro, na segunda metade da década de 1910, até gravações do início dos anos 60, quando o LP passou a dominar o mercado.

Friday, August 18, 2006

Columbo

Produzida para a TV nos anos 70, a série policial Columbo trazia Peter Falk no papel título; um tenente do Departamento de Homicídios da polícia de Los Angeles capaz de capturar criminosos por mais astutos e ardilosos que fossem. Ao contrário das tramas de Agatha Christie, elaboradas para só revelar o assassino no final da história, os filmes do Ten.Columbo apresentam logo no início tanto o criminoso como um assassinato sendo cometido de forma altamente calculada, dando-nos a impressão de havermos testemunhado um crime "perfeito". O enredo, de qualidade rara em produções para televisão, mostra a investigação passo a passo e, finalmente, a captura dos mais espertos bandidos já apresentados para consumo na tela da TV. Assista e veja se você consegue escapar antes do final.

Tuesday, August 01, 2006

Sunday, July 30, 2006

Thursday, July 20, 2006

Tuesday, June 06, 2006

V.A.R.I.G. Auf Wiedersehen

Uma vez um alemão me disse que VARIG significava Vários Alemães Reunidos Iludindo Gaúchos. Ilusões à parte, o prometido e procrastinado leilão da aérea em nada fica a dever a um espetáculo de David Copperfield, ilusionista capaz de dar um sumiço na Estátua da Liberdade.

O leilão agora programado oferece, pelo lance mínimo de US$860 milhões, a Varig Operações, abrangendo a totalidade das linhas da empresa, nacionais e internacionais, ou numa proposta alternativa, a Varig Regional, pelo lance inicial de US$700 milhões.

Alegando a necessidade de atrair investidores, as instâncias judiciais encarregadas do processo que avalia a insolvência da empresa declararam que o arrematador não levaria no embrulho as dívidas da aérea, hoje algo por volta de 8 bilhões de reais. Realmente, não há necessidade de mestres do óbvio para nos dizer que ninguém pagaria coisa alguma para ficar, no final, devendo o triplo do que pagou. Mas começam a surgir perguntas: para onde vão os 8 bilhões? Para um limbo contábil, para liquidação sine die? Eu realmente não gostaria de ser credor da VARIG. Se hoje a empresa não consegue liquidar seus compromissos, como será quando já não possuir estrutura operacional? E os créditos da companhia? Os 4 bilhões em haver do governo federal, referentes a perdas por congelamento de tarifas durante planos econômicos. E o 1,3 bilhão a receber dos estados por cobrança indevida de ICMS? Se não estão no pacote a ser arrematado no leilão, é claro que passam a integrar o balaio contábil onde ficarão os presdigitados 8 bilhões de reais. É bom lembrar que boa parte desse passivo é formada por débitos trabalhistas, que motivaram a liquidação extrajudicial do fundo de pensão dos funcionários da VARIG - o Aerus - parece que se aposta que para manter o emprego de parte do quadro funcional, os funcionários estariam dispostos a fazer de conta que seu fundo de pensão não virou fumaça.
E os 800 milhões de dólares a serem arrecadados no leilão serão direcionados a quem? À Fundação Ruben Berta, que detinha o controle da empresa? Acreditamos que não, afinal foi o estilo gerencial da fundação que levou a empresa ao hangar em que se encontra. Então para quem? Não sabemos, não se comenta, parece não ser relevante. Será feito o balanceamento dos créditos com os débitos pelos governos? Em caso positivo, não seria uma forma de burlar a preferência na liquidação de dívidas numa evitada falência? São muitas perguntas e até agora apenas uma certeza: os grandes perdedores são os funcionários da Varig. Embora a continuidade da empresa signifique a manutenção de parte dos postos de trabalho - sempre fala-se numa parte -os funcionários perderam a gestão da companhia (que era exercida através da Fundação Ruben Berta) e a sua previdência complementar.
O governo passa a ter uma maior tranquilidade na amortização de suas dívidas para com a empresa (afinal desaparece a pressão social para o acerto de contas). Numa manobra para mágico nenhum botar defeito, somem os responsáveis, aqueles que tomaram e os que cederam os créditos que hoje perfazem os tais 8 bilhões de reais. Magnífico espetáculo para um palco. Após cair o pano, com certeza, constituirá jurisprudencia aplicável a casos semelhantes, de empresas que consigam ficar devendo várias vezes o seu valor. Vamos leiloá-las todas!

Monday, June 05, 2006

Da Vinci: Conferido

Mais de duas semanas após o lançamento, o filme O Código da Vinci continua vendendo bem. Os 40 milhões de leitores do livro esperam ver nas telas as cenas presenciadas na imaginação. Dá para sentir que o diretor Ron Howard fêz o que pode, mas não chegou lá. Seria preciso mais do que uma mente brilhante para condensar as 400 páginas da trama escrita em 2 horas e 29 minutos de filme. O resultado foi um imenso trailer, dificilmente compreensível para quem não leu o livro. O romance escrito prende o leitor pelo suspense, os eventos criam uma constante expectativa pelo que virá a seguir, é o que segura o leitor até a última página. No filme, a mesma sequencia de eventos tem o efeito oposto, é uma sucessão de fatos inesperados que quase se atropelam num ritmo rápido e inconsequente, perde-se tempo com cenas que, na adaptação, deveriam ter sido eliminadas. Como exemplo podemos citar a claustrofobia do Prof.Langdon. No livro ela é sugerida no decorrer da estória, preparando o leitor para uma situação de aprisionamento que seria terrível para uma pessoa normal, quanto mais para um claustrófobo. No filme vemos as raízes da claustrofobia de Langdon, mas seu desconforto não vai além de um passeio de elevador com o chefe da polícia francesa. A própria construção dos personagens deixa a desejar; Tom Hanks faz o papel principal com a desenvoltura de um figurante, o capitão Fache é transformado em um descerebrado instrumento nas mãos de um bispo indiscreto, incapaz de manter segredo quanto às confissões feitas por simbologistas norte-americanos.
O livro não é perfeito, em alguns momentos a trama extrapola o plausível, e a mão do autor torna-se visível, mas, comparando, o resultado final é infinitamente superior ao que foi apresentado nos cinemas. Talvez um dia tenhamos um remake.

Monday, May 01, 2006

O Livro na Tela


Com o peso de mais de 40 milhões de exemplares vendidos em livro, O Código Da Vinci chega aos cinemas, a partir de 19 de Maio.

Uma trilha de segredos seculares, sinalizada pelo mestre da renascença Leonardo da Vinci, leva o leitor, agora espectador, a ser testemunha privilegiada das aventuras criadas pelo escritor Dan Brown e vividas pelo professor Robert Langdon e pela agente Sophie Neveu.

Maior sucesso editorial dos últimos tempos, a obra tornou-se o carro-chefe das vendas dos livros de Brown. Agora, num novo mercado, como filme, a história tem todas as pré-condições para estourar a bilheteria. A conferir.

Sunday, April 16, 2006

Pouso de Barriga



Única remanescente das companhias aéreas dos anos 60, a Varig ameaça parar de vez. A derradeira possibilidade de manutenção do nome e de parte do staff da empresa aparece esboçada na proposta de aquisição pela sua ex-subsidiária Varig Log - virtualmente controlada pelo grupo americano Matlin Patterson - pelo valor de US$400 milhões. A proposta caracteriza-se por ser uma oferta pela chamada parte boa da companhia, aí incluídas as rotas internacionais e a manutenção de parte do quadro funcional. A dívida bilionária da companhia seria contabilizada como pertencente a outra empresa, ligada à nova por uma participação de 5% no capital. A oferta da Varig Log já recebeu sinal verde do Conselho de Administração da Varig, mas dificilmente encontrará receptividade junto aos credores, visto transformar a possibilidade de recebimento de seus créditos, que hoje é pequena, em virtualmente nula.

Apesar de apresentar-se, no momento, como a única possibilidade para a continuidade da empresa, a proposta da Varig Log parece mais oportunista do que oportuna. Aproveita-se das pressões sociais, provocadas pela insustentabilidade da Varig, para tentar entrar no mercado a partir de uma posição privilegiada; isenta de qualquer responsabilidade pelo passivo escandaloso que hoje inviabiliza a companhia. Ao propor a redução de quadro, desestabiliza a mobilização e a união dos funcionários, que passam a ver em cada colega um concorrente ao emprego que todos buscam manter. Bem mais que o valor proposto pela eventual neo-controlada do grupo Matlin Patterson, é o valor que Varig tem a receber do govêrno federal, estimado em mais de R$4 bilhões, referentes a perdas pelo congelamento de tarifas durante a década de 80, já existindo julgamento favorável a empresa há mais de um ano.

Enquanto a Varig estiver patrimonialmente descoberta ela pertence aos credores, entre os quais figuram, por obrigações previdenciárias não cumpridas, seus funcionários, sendo discutível a conveniência de sua alienação a grupos caçadores de arcas perdidas.

O governo brasileiro não pode simplesmente dizer que não tem nada a ver com o assunto. Além das implicações sociais decorrentes da falência de uma empresa desse porte , o estado não pode se furtar à responsabilidade por planos econômicos mirabolantes e suas consequências. Paradoxalmente, este mesmo estado, a quem cabe zelar pelos interesses da sociedade, é também credor da empresa, pelas dívidas acumuladas com a Infraero.

Se atribuirmos responsabilidade pela insolvência da companhia ao estilo de gestão que a norteou nos últimos anos, que a solução venha pela intervenção na condução da empresa, que está taxiando para o mesmo relento que abriga as aeronaves da Vasp e da Transbrasil.

Friday, April 07, 2006

Thursday, April 06, 2006

Fluxograma




















Em tempos de acusações generalizadas, indicativas da proximidade de eleições, o fluxograma acima pode ser útil na compreensão do processo que envolve o funcionamento da...
bagaça.

Thursday, March 30, 2006

Carlos Drummond de Andrade



Os Ombros Suportam o Mundo



Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.


Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.


Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teu ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.



Shoulders Bear the World


Comes a time when you no longer say: my Lord.
A time of absolute purification.
A time when you no longer say: my love.
For love turned out to be useless.
And the eyes do not cry.
And the hands weave only the rough work.
And the heart is dry.

Women knock at the door in vain - you won't open it.
You keep to yourself, the light has burnt out,
but in darkness your eyes shine enormous.
You are convinced: you no longer know how to suffer.
And you expect nothing from your friends.

The aproach of old age matters little - what is old age?
Your shoulders bear the world and it weighs no more
than a child's hand.
Wars, famines, the arguments inside the buildings
prove only that life goes on
and not everybody has freed himself yet.
A few (the delicate ones), upon finding the show
cruel, would rather die.
A time has come when to die is useless.
A time has come when life is an order.
Merely life, without mystification.

Wednesday, March 29, 2006

São Paulo 40's













Uma época em que a cidade podia ser chamada de progressista. Pólo industrial e cultural do país, São Paulo ainda não cometera os excessos que hoje comprometem a qualidade de vida de seus moradores.
Pela sombra projetada pelo Viaduto do Chá, é início de uma tarde, longe no tempo e daquilo em que nos tornamos hoje.

Sunday, March 26, 2006

Olho no Olho


Oscar Niemeyer continua em forma, dando bastante trabalho para seus calculistas.

A foto acima é do Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, mais conhecido como Museu do Olho. As exposições que abriga são enxutas, quase espartanas; o edifício, no entanto, é um exemplo de criatividade no universo do concreto protendido e por si vale uma visita.

O jogo das curvas tira o peso da estrutura, é a assinatura de Niemeyer.

Saturday, March 25, 2006

J.Herculano Pires

Considerado um dos expoentes do espiritismo no Brasil, J.Herculano Pires é o autor de um soneto interessante - intitulado Vida e Morte - que por sinal acha-se reproduzido sobre seu túmulo no Cemitério São Paulo. Mais do que uma obra poética, não deixa de ser um pequeno resumo da abordagem espírita para o posicionamento dos vivos em relação aos mortos. Leia abaixo:



Não procures no túmulo vazio
a alma querida que deixou a Terra.
A morte encerra a vida e a vida
encerra a morte — como eterno desafio.


Ninguém fica no túmulo sombrio
onde somente o corpo é que se enterra.
A alma se eleva além da vida e erra
em mares de bonança e de amavio.


Busca no céu, nos ares, no infinito,
na quinta dimensão, no firmamento,
o ser querido que te deixa aflito.


Hás de encontrá-lo quando, num momento,
rompendo as ilusões de teu conflito,
possas falar-lhe pelo pensamento.

Thursday, March 23, 2006

A Loja de Deus

Entrei e vi um Anjo no balcão.

- Anjo do Senhor, o que vendes ?

- Todos os dons de Deus.

- Custa muito ?

- Não, é tudo de graça.

Contemplei a loja e vi jarros com sabedoria, vidros com fé, pacotes com esperança, caixinhas com salvação, potes com amor.
Tomei coragem e pedi :

- Por favor, Anjo, quero muito amor, todo o perdão, um vidro de fé, bastante felicidade e salvação eterna para mim e para minha família também.

Então o Anjo preparou-me um embrulho, tão pequeno, que cabia na palma da minha mão.
Estranhei um pacote tão diminuto.

- É possível tudo estar aqui ?

O Anjo respondeu-me:

- Sim, todo o seu pedido, é que na loja de Deus não vendemos frutos, apenas sementes.

Wednesday, March 22, 2006

São Paulo 360º













Uma das mais abrangentes e tradicionais vistas de São Paulo é a que você tem do 35º andar do Ed.Altino Arantes - sede do Banco do Estado de São Paulo, hoje Santander-Banespa.

Localizado na Rua João Brícola, esquina com a Praça Antonio Prado, o prédio com 161 metros de altura foi durante 20 anos o mais alto de São Paulo.

Inaugurado em 1947, uma época em que os grandes edifícios como o Empire State tinham estruturas metálicas, a construção em concreto armado fazia do edifício uma das maiores estruturas da espécie no mundo.

Se você estiver em São Paulo aproveite e visite a torre do Banespa.

Tecnologia em Óculos

O português em Tokyo comprou um par de óculos, cheios de tecnologia, que mostrava todas as pessoas peladas.
Colocou os óculos e começou a ver todas as mulheres peladas.

Ele se encanta.

Põe os... peladas!

Tira os óculos... vestidas!

- Que maravilha! Ai, Jesus!!!

Antecipou a volta para Portugal, louco para mostrar a novidade para a mulher, Maria.

No avião, se sente o máximo vendo as aeromoças todas peladas.

Quando chega em casa, coloca os óculos para pegar Maria pelada.
Abre a porta e vê Maria e o compadre no sofá, pelados.

Tira os óculos... pelados!
Põe os óculos.... pelados!
Tira... pelados!
Põe... pelados!

Inconformado, o português explode:

- Puta que pariu! Essa merda já quebrou!!!!

Saturday, March 11, 2006

Futebol na TV

Pesquisa, considerada séria, apurou os efeitos da transmissão de jogos pela TV:



JOGOS DO SANTOS

Quando o jogo do peixe é televisionado:

A produção pesqueira litorânea cai 22%

O desembarque de containers do porto de Santos cai 25%

Estivadores, manobristas, marinheiros: produtividade cai 32%

O movimento do comércio de Santos cai 35%



JOGOS DO PALMEIRAS

Quando o verdão é televisionado:

O movimento dos restaurantes, cantinas e pizzarias, casa de pastas cai 40%

A produção de mortadela, mussarela e molho de tomate cai 12%

O movimento nas ruas do bairro Bixiga cai 75%



JOGOS DO SÃO PAULO

Quando jogo do tricolor é televisionado:

Restaurantes famosos, casas de jogos, shoppings tem queda de movimento de 50%

Clubes sociais, hipódromos, bolsa de valores, lojas finas, Daslu: queda de 15% de público

Porches, Mercedes, Vectras, Hondas, BMWs diminuem 50% de circulação

As ruas do bairro do Morumbi ficam com 80% do movimento diminuído



JOGOS DO CURINTIAS

Quando o jogo do timão é televisionado:

Assaltos a mão armada diminuem 35%

Assaltos em semáforos diminuem 42%

Latrocínios caem 12%

O movimento de travestis caem 99,9%

Seqüestros caem 28%

Rebeliões caem 98%

Movimentos estranhos com suspeitas de fugas em delegacias e presídios de todo o Brasil caem 100%

Sunday, March 05, 2006

Jingles Inesquecíveis

Pequenos anúncios com fundo musical; são os jingles.

Clique no rádio capelinha aí ao lado e ouça várias das peças publicitárias que, nos últimos 50 anos, pontuaram a programação das emissoras
brasileiras.

Saturday, March 04, 2006

O Google e os Trabalhos Escolares

Será que não esta na hora de se acabar com os tais "trabalhos" escolares? Hoje é o copiar/colar do Google, antes era a mãe do aluno ou um bom colega. O texto alheio, cedido ou comprado, sempre fêz parte da realidade acadêmica, a despeito da surpresa e indignação dos professores. É tão fácil substituir algumas palavras por sinônimos e mudar a ordem dos parágrafos...hoje com os editores de texto não tem nem graça. Afinal, o que vocês esperam dos alunos? Que cada um seja autor/criador de uma teoria nova e revolucionária? Que procurem o caminho mais difícil para atender a preguiça de professores que são incapazes de ensinar ou de aferir os conhecimentos apreendidos, analisando as respostas dadas pelos alunos quando questionados? Realmente é mais fácil pedir um trabalho, onde o mestre encontre imperfeições que garantam não ter sido comprado de um "fazedor de trabalhos profissional" ou copiado de uma boa fonte da Internet. Magistério é algo mais do que pegar o aluno no pulo, ou no Google.

Friday, March 03, 2006

Liberdade: substantivo abstrato

Em 1994 o cinema nos levava para dentro dos muros de uma penitenciária americana. O filme: Um Sonho de Liberdade - The Shawshank Redemption.

O roteiro, inspirado numa estória de Stephen King, questiona uma série de substantivos abstratos: amizade, medo, solidão, perseverança, justiça e esperança.

Estuda as relações humanas e desumanas no microcosmo fechado de um presídio, simultaneamente analisando a relação do homem com o tempo e vice-versa.

Se você ainda não viu, é um bom investimento para o seu tempo.

Thursday, March 02, 2006

Céu e Inferno

O paraíso é onde a polícia é britânica, os cozinheiros italianos, os mecânicos alemães, os amantes franceses e tudo é organizado pelos suíços.

O inferno é onde a polícia é alemã, os cozinheiros britânicos, os mecânicos franceses, os amantes suíços e tudo é organizado pelos italianos.

Pé na Tábua

O Papa veio ao Brasil e uma Mercedes com motorista ia levá-lo de Viracopos para São Paulo. O motorista andava pela Bandeirantes muito devagar quando o Papa pediu que ele corresse mais. Mas ele respondeu que não podia, pois tinha muitos guardas naquela estrada. Então o Papa mandou que ele parasse o carro e falou que agora ele dirigiria, mandando o negão pro banco de trás. Quando estava a 180km/h a polícia parou o carro. Um guarda foi até o carro pedir os documentos pro motorista. Ao ler os documentos, ele foi até o seu superior que estava na viatura, e disse:
- Chefe, o homem é muito importante, é dos graúdos.
O chefe perguntou:
- É o governador? Pode multar!
- Não. É mais que isso. Respondeu o guarda.
- Então é o presidente? Pode multar também, que não tem perdão!
- Não! Disse o guarda. Acho que é bem mais do que isto, chefe.
- Então quem é? Prá ser mais importante que o presidente?!?!?!

- Para falar a verdade eu acho que é São Benedito, pois só para
o senhor ter uma idéia, o motorista dele é o Papa!!!

Wednesday, March 01, 2006

Papagaio

Desesperada, uma senhora procura um padre:
- Padre, eu estou com um problema. Eu tenho duas papagaias, mas
elas só sabem falar uma coisa.
- O que elas falam ? - perguntou o padre.
- Olá, nós somos prostitutas. Vocês querem se divertir ?
- disse a senhora,envergonhada.
- Isso é terrível. - respondeu o padre.
- Eu sei,mas ganhei essas papagaias,elas pertenciam
a um prostíbulo, não sei mais o que fazer ...
- Mas eu tenho uma solução para o seu problema:
Leve suas papagaias para minha casa e eu as colocarei junto com
meus dois papagaios, os quais ensinei a rezar. Nunca vi dois papagaios
tão fiéis, passam o dia todo rezando fervorosamente.
No dia seguinte, a mulher levou suas papagaias para a casa do padre.
Assim que foram colocadas na gaiola elas disseram:
- Olá, nós somos prostitutas. Vocês querem se divertir ?
Ao ouvir isso, um papagaio olhou para o outro e disse:

- Jogue o terço fora ! Nossas preces foram atendidas !

Shortwave












Clique na imagem acima e ouça as vinhetas de identificação das principais emissoras de rádio do mundo.

Minissaia


Oportuna a lembrança de um deputado federal, ao recordar-se do padre que uma vez lhe dissera: sermão e discurso tem que ser que nem minissaia: curta, justa e provocante. Caso contrário nos primeiros 10 minutos você fala para os fiéis, nos próximos 20 minutos para os bancos da igreja, enquanto todo mundo está olhando para o chão e a partir daí para o diabo, porque estão todos lhe mandando para o inferno.


Quem disse que não se fala nada de interessante no Congresso Nacional?

Verso e Reverso

Exemplo de competência para escrever é o texto abaixo, de Clarice Lispector:











"Não te amo mais.
Estarei mentindo dizendo que
Ainda te quero como sempre quis.
Tenho certeza que
Nada foi em vão.
Sinto dentro de mim que
Você não significa nada.
Não poderia dizer jamais que
Alimento um grande amor.
Sinto cada vez mais que
JÁ TE ESQUECI!
E jamais usarei a frase:
EU TE AMO!
Sinto, mas tenho que dizer a verdade:
É tarde demais..."



Leia este texto de cima para baixo e depois de baixo para cima.

Friday, February 24, 2006

Torre do Masp

Temos certeza que o professor Adib Jatene obterá sucesso na causa que advoga: a construção da torre do Masp. Sua defesa ao projeto é tão oportuna quanto o espírito com que Chateaubriand e Bardi empreenderam, ao final dos anos 40, a aquisição da maioria das obras que constituem o acervo do museu.

Conhecemos a tenacidade do professor Jatene, não nos saindo da lembrança sua luta para a aprovação da contribuição que hoje, perene, associamos ao ilustre médico.

O projeto do arquiteto Julio Neves, presidente do Masp, pela própria grandiosidade; um cibercafé, que até poderia ter o nome indígena de Paranapiacaba, a 120 metros de altura, dotaria a cidade com um ponto de destaque indiscutível e possibilitaria um direcionamento dos recursos originários do patrocinador, a empresa de telefonia Vivo, para este sonho acalentado pelo Conselho Deliberativo do Masp.

Parabéns, Dr.Jatene, pelo seu envolvimento de coração, palavras e pensamento.


Para leitura do artigo do Dr.Adib Jatene, publicado na Folha de São Paulo em 24.02.2006 - clique aqui

Wednesday, February 22, 2006

Hora Certa


Hoje, o compasso marcado pelo quartzo de um relógio faz com que este só requeira um acerto por ano. A hora certa está também no celular, no computador de bolso e de mesa, com correção automática pela Internet.

Mas nem sempre foi assim. Houve um tempo, não tão distante, em que os relógios eram mecânicos e dados a atrasos e síncopes, paravam totalmente se o proprietário não lhes desse corda. A corda nada mais era do que uma fita de aço, que tinha a liberação da tensão, provocada por estar enrolada sobre si mesma, controlada por um dispositivo mecânico (âncora e balanço), o que fazia com que os ponteiros, situados na outra ponta da engrenagem se movessem com a velocidade adequada para o registro das horas.

Engenhoso, mas com uma precisão extremamente dependente da perfeição física dos componentes do sistema. A menor falha nas dimensões das engrenagens ou irregularidades nos dentes das rodas se fazia sentir na pontualidade final do sistema. Este, por ser mecânico estava sujeito ao desgaste provocado pelo próprio funcionamento; os eixos das rodas tendiam a alargar os orifícios onde se assentavam, justificando o uso de rubis como mancais. Por tudo isso os relógios com uma boa precisão eram caríssimos.

Nesse mundo, analógico e de ponteiros, era inconfundível a transmissão da Rádio Relógio Federal, do Rio de Janeiro.
Diretamente do Observatório Nacional, a emissora irradiava a hora certa. Nos intervalos entre os três bipes que assinalavam a passagem do minuto, a estação transmitia curiosidades científicas e históricas. Era um serviço cultural, oferecido a todos que dispusessem de um receptor.
Mudou o mundo e a nossa maneira de marcar o tempo, que hoje talvez seja curto para ficar ouvindo informações genéricas transmitidas por uma emissora de radiodifusão, mas fica o fato sempre lembrado pela Rádio Relógio durante sua programação:
Cada minuto que passa é um milagre que não se repete.

Sunday, February 19, 2006

Quincas Borba

Machado de Assis termina o romance Quincas Borba citando o Cruzeiro do Sul, a constelação austral mais facilmente identificavel no céu do Brasil.

O personagem central, Rubião, havia proposto à casada, narcisista, interesseira, mas nunca adúltera, Sofia, um platônico encontro nas estrelas do Cruzeiro. Eles as contemplariam no mesmo instante, fazendo desaparecer qualquer distância que os separasse.

O livro transcorre descrevendo a dissintonia entre o interiorano Rubião e as sutilezas da vida social da cidade grande e sua incapacidade para interagir com a dubiedade de Sofia.

Rubião não percebe que seu único amigo real é o cachorro Quincas Borba, legado do filósofo homônimo que lhe deixara uma fortuna, esta objeto da cobiça daqueles que o cercam.


Progressivamente tomado pela loucura, Rubião perde o contato com a realidade. Morre, imaginando-se Napoleão III, após cingir uma coroa, criada no seu delírio e só por ele vista.

O cachorro, desvairado, foge em busca do dono morto, morrendo ele próprio três dias depois.

Machado dirige-se ao leitor conclamando-o a chorar os dois mortos, ou a rir-se, no caso de só possuir riso; tanto faz, pois como termina o livro: "O Cruzeiro, que a linda Sofia não quis fitar como lhe pedia Rubião, está assaz alto para não discernir os risos e as lágrimas dos homens."

Saturday, February 18, 2006

Aterrisagem Forçada


Em 10.02.1965 era decretada a falência da Panair do Brasil. Hoje reconhece-se que a decisão teve mais motivações políticas do que técnicas; o governo da época pretendia favorecer à Varig, que imediatamente assumiu as linhas até então operadas pela Panair.

Neste 41 anos desapareceram a Cruzeiro do Sul, a Sadia transmutada em Transbrasil e a Vasp. Não é possível se apostar no futuro da própria Varig.

Fica a pergunta: as empresas afundam por si ou com a ajuda dos governos?

Ruy Barbosa

Na postagem abaixo parafraseamos um famoso discurso de Ruy Barbosa, proferido em 1914 no Senado Federal. Aqui vai o parágrafo original:

"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto."

Friday, February 17, 2006

Viva a Poli

Não estou me referindo à Escola Politécnica da USP - que com um corpo docente de 495 professores, dos quais 404 com titulação mínima de doutor, seus mais de 6500 alunos em graduação e pós-graduação e 7000 inscritos nos cursos de educação continuada - é o principal centro de formação na área de engenharia do país.

Não. Estou falando da Poligamia, instituição bem mais antiga e bem mais popular ao gosto e vezo nacional. Multiplicadora da espécie e distribuidora de renda, a Poligamia ri-se, não da honra - conforme lamentava Rui - mas da triunfante legislação anti-nepotismo que pretende impedir que parentes de juízes ocupem cargos de confiança nos tribunais. Se há mais de quarenta anos dizia-se que cunhado não é parente, hoje quem ousará apontar o dedo indicando supostos relacionamentos extraconjugais a frequentar a folha de pagamento de um dos poderes?

A pretensão do legislador chega ao surrealismo de querer impedir o nepotismo cruzado, onde uma autoridade contrata o parente da outra, eliminando o vínculo parental entre beneficiador e beneficiado.

Como dizia Aristóteles: A afirmação de uma coisa não é a negação de outra.

Na guerra santa contra o nepotismo, acabamos por nos tornar preconceituosos.
Nem toda amante de juiz é burra, nem todo sobrinho de desembargador é incompetente e nem todo aparentado com uma autoridade é um incapaz. Impedir, pura e simplesmente o acesso dessas pessoas ao serviço público é injusto para não dizer demagógico, considerando-se o fato de estarmos em ano eleitoral.

Porque não voltarmos à velha solução de contratação exclusivamente via concurso público? Aberto a todos e garantidor da qualificação para o exercício da função, um concurso, conduzido por instituições externas e isentas, é a melhor forma de recrutamento para entidades onde inexiste o patrão, seja ele polígamo ou não.

Thursday, February 16, 2006

Visão de Mundo

Ahmed Hakeem é do Tajikistão. Ele tem uma certa dificuldade para se expressar em inglês, mas tudo bem, sua visão do mundo ocidental é a melhor possível. Clique na foto e veja se você concorda com o perspicaz barbudo.

Wednesday, February 15, 2006

Você iPod

Por 399 dólares vc iPod comprar o top da Apple com 60 GB.

Interessante, mas vc já carrega e carrega seu celular, leva sua máquina fotográfica digital, seu Palm...Não, o Palm vc acabou não usando mais e o laptop virou um desktop que ocupa pouco espaço...

Em termos de portabilidade nada como essas novidades eletronicas, variantes dos bichinhos virtuais que estiveram em voga na década passada (no futuro ninguém vai acreditar nisso), mas vc já se perguntou se realmente precisa delas? Atendem a necessidades reais? Frequentes ou ocasionais? Seriam necessidades manifestas ou inconscientes? Vc iPod ter qualquer um desses objetos ou ele é que iPod ter você?

Tuesday, February 14, 2006

Trote na Poli - É Proibido Proibir

....... ..... foto Folha de S.Paulo 14.02.2006

Sunday, February 12, 2006

TIME - JK - 50'

Há 50 anos, fevereiro de 1956, o recém empossado presidente da então República dos Estados Unidos do Brasil - Juscelino Kubitschek - era capa da Time.

No mandato de cinco anos prometia fazer o Brasil avançar cinquenta. Marcaram o período; a construção da Novacap no planalto central e a receptividade ao capital externo que financiou e estruturou a indústria automobilística nacional.

O carisma pessoal elegeu JK, mas chegar à posse deveu-se mais à sua habilidade mineira; naquele pouco mais de um ano que se seguiu à morte de Getúlio Vargas, não faltaram rumores de possíveis golpes e contra-golpes.

Estadista de perfil democrata, foi criticado muitas vezes pela abertura do país às multinacionais e pelo aumento da inflação no final dos anos 50. Eficiente para administrar crises, Juscelino conseguiu passar a faixa presidencial a Jânio Quadros em janeiro de 1961. Pretendia voltar à presidencia em 1965, mas o país, sob a nova ordem institucional da revolução de março de 64, já não realizava eleições diretas para presidente. A era JK havia terminado.

Friday, February 10, 2006

A Poli Como Ela é.


Na postagem anterior transcrevemos parte de um texto de J.D.Borges. Este, formando pela Escola Politécnica de São Paulo, apresentou-se ao público com um manifesto - A Poli Como Ela É - onde contava a nosotros como, em 1997, funcionava um curso na talvez mais conceituada Universidade do país.

Passaram-se quase dez anos, será que as coisas melhoraram? Difícil saber. Os inconformados, dotados de espírito crítico, normalmente não permanecem tempo suficiente dentro das instituições a que poderiam criticar. Ou são expurgados ou expurgam-se a si próprios, indo buscar a felicidade em outra freguesia.

Seria necessária a repetição da exceção personificada por Borges. Outro aluno capaz de concluir o curso sem cair na letargia que habilita ao estudante pouco afinado com o meio chegar à graduação. Para a maioria o preço a pagar é o embotamento do espírito crítico e da capacidade de expressão.

Bons meninos; pela própria natureza ou domesticados na sucessão dos semestres escolares tendem a se abster de comentários negativos. É a darwiniana busca da sobrevivência pela adaptabilidade.

Funciona para o indivíduo, mas é deletéria para as instituições.

Thursday, February 09, 2006

Quem tem medo do Jô Soares?

Achei na internet um comentário ao livro de Jô Soares - O Homem Que Matou Getúlio Vargas. Surpreendentemente não o elogia. O autor J.D.Borges, agora no Digestivo Cultural, vai na contra-mão da unanimidade nacional; classifica a obra como um trabalho de principiante e atribui o consenso da mídia, quanto aos méritos do Jô escritor, a puro medo do Jô entrevistador. Aqui vai o miolo do texto:

"O Homem que Matou Getúlio Vargas", de Jô Soares, não passa de um romance de principiante, que, de notável, carrega apenas a tão conhecida tendência,
de seu autor, à megalomania. Como se explica então a intenção de reunir, em um único volume, algumas das passagens mais conturbadas do século XX, ressuscitando, ao mesmo tempo, personalidades complexíssimas? Desde o arquiduque Francisco Ferdinando e a eclosão da Primeira Guerra Mundial, até Getúlio Vargas e seu longo governo, passando pelo gangsterismo de Al Capone, pela espionagem de Mata-Hari, pelo esoterismo de Fernando Pessoa, pelas tertúlias de Picasso e seu grupo de Montmartre, pelas traquinagens de José do Patrocínio Filho, pela prisão de Graciliano Ramos, pelas produções da Metro Goldwyn Mayer, dentre otras cositas más?

Nenhum escritor sério se prestaria a isso. (Coisa que até um mero leitor de best-sellers pode aferir.)

O fato é que o inflado Jô jamais se contentaria em escrever um romance comum, sobre pessoas comuns, em paisagens comuns vivendo vidas comuníssimas. Tinha de juntar situações ímpares, tinha de unir personalidades especialíssimas, esbanjando erudição, rearanjando a História, redefinindo realidades, modificando destinos — como nem o próprio Deus ambicionaria.

O resultado, todavia, está bem aquém disso. O resultado é um angu-de-caroço sem tamanho — que quando não causa engulhos, desperta a benevolência e a comiseração do leitor para com a ingenuidade de seu artífice.

O resultado é uma salada de estilos (novela, policial, romance, épico, comédia, carta, diário, reportagem, poesia) e de recursos gráficos (cores, letras, fotos, quadros, indicações, manipulações, falsificações, terminações, capas, setinhas) que tentam, sem sucesso, encobrir a falta de assunto e de propósito da personagem principal, Dimitri Borja Korozec, e, em última instância, do livro.

O resultado é uma narrativa que se propõe acessível, mas que, no fundo, se presta apenas à divulgação de seu criador e de sua ostentatória sabedoria. Se assim não fosse para quê utilizar-se, por exemplo, de vocábulos tão rebuscados quanto "pascácio", "aziaga", "empáfia", "macérrimo", "algaravia", "aleivosia", "pressurosa", "passadiço", "torvelinho", "través", "sabujo", "vendilhões", "alijado", "puídos", "preamar", "singram", "estouvado", "coleando" e "altercação", numa obra que se supõe de entretenimento, e não de etimologia?

O resultado são construções tão antológicas quanto as seguintes: "Sou lotado na delegacia, era melhor usar alguém da rua" (pág. 91), "Os soldados passaram a exercer uma vida subterrânea" (pág. 130), "Erguia os punhos para a esmagar" (pág. 138), "Tem uma campanha pela frente com que se preocupar" (pág. 150). Ou trechos tão confusos quanto este: "Domingo, tarde da noite, em volta de uma das mesas, tacos de snooker na mão, três irmãos gaúchos, filhos de um influente general do Rio Grande, começam uma discussão tola com um aluno mineiro. Outro estudante, este paulista, também da faculdade, vendo o colega de Minas inferiorizado, entra na briga para defendê-lo. Atinge especialmente o mais jovem, um menino pequeno e franzino, aluno do curso de Humanidades, preparatório indispensável para mais tarde ingressar na faculdade. O garoto, ainda imberbe, acaba sendo espancado de forma brutal. Finalmente os demais freqüentadores conseguem apartar os rapazes, porém o mal já está feito. Ao sair trôpego do Bilhar, amparado por seus dois irmãos, ele jura vingança." (pág. 13)

O resultado é uma colagem enciclopédica e esdrúxula, em que nem a idéia central chega a ser uma novidade propriamente dita — dado que Dimitri Borja Korozec não é o primeiro homem-errado no lugar-certo e na hora-certa. (Vide Forrest Gump, de Robert Zemeckis.)

O resultado é a soma desconjuntada das obsessões pessoais do autor e dos envolvidos."

Como eu não li, não posso dizer nada. Mas o que vocês acham do livro produzido pelo gordo onze e meia?

Visual Médico









Do you care about your doctor's appearance?

I've never really thought about how my doctors look. I guess my main concern has always been dealing with my health problems and getting them taken care of. But this study published in the British Medical Journal seems to indicate that many patients do care about how their physicians look and interact with them. Do you have an opinion on this?

Patients preferred doctors to wear semiformal attire, but the addition of a smiling face was even better. The next most preferred styles were semiformal without a smile, followed by white coat, formal suit, jeans, and casual dress. Patients were more comfortable with conservative items of clothing, such as long sleeves, covered shoes, and dress trousers or skirts than with less conservative items such as facial piercing, short tops, and earrings on men. Many less conservative items such as jeans were still acceptable to most patients. Most patients preferred to be called by their first name, to be introduced to a doctor by full name and title, and to see the doctor's name badge worn at the breast pocket. Older patients had more conservative preferences...
BMJ full article

By Merv Sheppard

Wednesday, February 08, 2006

iPod Virtual


Se vc quiser experimentar um iPod virtual - clique aqui - e ouça, sem precisar instalar nada, uma amostra da programação que os Podcasts estão jogando na rede.

Amigo da Onça

O famoso personagem foi criado pelo cartunista pernambucano Péricles de Andrade Maranhão, em 1943, e publicado de 23 de outubro de 1943 a 3 de fevereiro de 1962. Os diretores da revista O Cruzeiro queriam criar um personagem fixo e já tinham até o nome, adaptado de uma famosa anedota. Dois caçadores conversam em seu acampamento: - O que você faria se estivesse agora na selva e uma onça aparecesse na sua frente? - Ora, dava um tiro nela. - Mas se você não tivesse nenhuma arma de fogo? - Bom, então eu matava ela com meu facão. - E se você estivesse sem o facão? - Apanhava um pedaço de pau? - E se não tivesse nenhum pedaço de pau? - Subiria na árvore mais próxima! - E se não tivesse nenhuma árvore? - Sairia correndo. - E se você estivesse paralisado pelo medo? Então, o outro, já irritado, retruca: - Mas, afinal, você é meu amigo ou amigo da onça? Péricles morreu de forma trágica. Na noite de 31 de dezembro de 1961, ele escreveu 2 bilhetes, reclamando da solidão, fechou todas as portas do seu apartamento e ligou o gás. Antes, o último gesto do criador do Amigo da Onça foi colocar um aviso na porta, escrito à mão: "Não risquem fósforos".

Texto extraído do Guia dos Curiosos.

Clique aqui para ver os desenhos de Péricles.

Tuesday, February 07, 2006

Guerra no Iraque

Circula na Internet um clipe de 4 minutos sobre a Guerra no Iraque. Se vc quiser ver clique aqui.

Monday, February 06, 2006

Texto vazio


Está nas bancas a edição 1942 da revista Veja, prova física e inconteste de que governo-imprensa chegaram finalmente a um denominador comum de interesses e objetivos.

A revista e suas similares; Isto É e Época há poucos meses batiam furiosamente no governo federal num crescendo de denúncias a não deixar dúvida quanto ao firme propósito de impedir a reedição do governo petista.

Nada como dar tempo ao tempo. Mostrado seu poder de fogo, as empresas jornalísticas, talvez por remorso, substituem a munição real por balas de festim. Continuam a fazer barulho, mas atiradores e alvo sabem que sem consequencias funestas.

Eleição é número. Para cada exemplar vendido e efetivamente lido em seu conteúdo, centenas de olhos passam apenas pela capa, funcionando esta como panfleto gratuito e de grande penetração popular. As capas contundentes, de alguns meses, foram substituídas por material inócuo, pelo menos politicamente: um cidadão cavalgando uma bomba de gasolina, um cara-pintada islâmico, medicina alternativa, os efeitos dos videos-games sobre as crianças, etc.

Fachada nova, as equipes editoriais focam sua atenção para o material interno da revista. Não há como mudar de posição agora, tampouco como se omitir. A vida política nacional segue seu curso e o leitor reclama um posicionamente coerente de sua revista predileta, o que fazer?

Continuar batendo, é lógico, mas sem implicações eleitorais. Para conseguir este objetivo a competente equipe de Veja adotou uma estratégia dupla: transformou os assuntos objeto de crítica em peças de uma complexidade rocambolesca; relata encontros clandestinos ou secretos e a oferta de milhões para amigos destes ou daqueles, sem esclarecer, contudo, o se pretendia dos beneficiários dos pagamentos (o tom de denúncia faz acreditar que se tratava de algo ilícito).
A trama para afastar Daniel Dantas, do Opportunity, da luta pelo controle da Brasil Telecom é contada com a empolgação de uma história de James Bond, sem deixar claro quem era o mocinho ou o bandido da história.

A segunda estratégia é a denúncia oca e barulhenta de ilícitos tecnicamente inexistentes ou de intenções escusas que podem não ser mais do que o produto de ilações feitas na intimidade das editorias, como por exemplo as críticas a uma eventual candidatura do quase sexagenário Ministro Jobim como vice na futura chapa de Lula. É pouco provável, mas se a lei permite e as afinidades existem, não há porque a chapa não se concretizar. Agora, se as decisões de Jobim como ministro do STF, foram determinadas por interesses menores, cabe o questionamento do papel constitucional, estrutural e social da instituição Supremo Tribunal Federal, questão bem mais complexa do que a condenação de veleidades pessoais, como a praticada pelo texto da revista.

Noutra reportagem em tom de denúncia tomamos conhecimento que o empresário Naji Nahas recebeu da Telecon Itália 3,25 milhões de reais em espécie, a titulo de assessoria. Convenhamos, é um valor significativo, mas a Telecon Itália paga o que quiser a quem quiser, e se em algum momento o interesse público foi prejudicado pela interferencia do Sr.Naji Nahas, a reportagem não contou. E caso não descubra, não conte ou mesmo nada exista, a matéria terá sido informação vazia, a servir apenas na manutenção do tom denuncista adotado pela revista, sequer tirando votos do Sr.Naji Nahas que, até onde sabemos, não é candidato a nada.

Mais do que nunca, o material publicado pela revista funciona como uma pregação para convertidos. Aqueles que já antipatizavam com o governo continuam a comprá-la por sentirem que tem endosso às suas idéias, apenas reiteram sua posição, são votos que o governo já não teria.

Aqueles que simpatizam com o governo, não recebem pela leitura dos textos qualquer informação objetiva e conclusiva que os faça mudar de opinião.

O status-quo agradece.

Sunday, February 05, 2006

Abandono

Lemos hoje na Folha de São Paulo que atrás dos portões da RFFSA, em Juiz de Fora (MG), encontra-se o Trem de Prata, composição que ligava S.Paulo ao Rio de Janeiro em horário noturno, com direito a jantar e leito a 180º.

Por razões diversas, mas com implicações até certo ponto assemelhadas, o trem acha-se entregue, como os aviões da Vasp e da Transbrasil, à ação do tempo.

O glamour da viagem por ferrovia, com suas oito horas de duração, não resistiu à competição com a ponte-aérea, que em 50 minutos fazia a ligação Congonhas - Santos Dumont.

O trem, fabricado na década de 40 pela americana Budd, ligou as duas maiores cidades do Brasil entre 1994 e 1998, quando sua operação foi definitivamente paralizada.

Mesmo durante os anos de funcionamento já havia indícios que mostravam que a história não teria um final feliz: a passagem era cara, mais do que a da ponte-aérea, a precariedade da linha causava constantes atrasos e em S.Paulo o terminal era localizado em um local ermo e de difícil localização.

O aço inoxidável mantém a aparência externa, mas o interior registra os sinais dos oito anos sem cuidados e as marcas dos sucessivos roubos de peças e de componentes das cabines, como colchões e cadeiras de vime.

Hoje, o Trem de Prata, imóvel e abandonado, é um monumento à indiferença e ao descaso; tão nossos, tão brasileiros.

Saturday, February 04, 2006

Baú de textos

Pesquei trechos da entrevista concedida pelo fundador da Universidade Estácio de Sá, João Uchôa Cavalcanti Neto, à Folha Dirigida, em 2001. As idéias de Uchôa incomodaram profundamente a intelectualidade conservadora nacional. Reacionários, vindos da esquerda e da direita, talvez saudosos dos tempo em que poderiam censurá-lo, não pouparam esforços para desqualificá-lo na baixa e na alta mídia. Afinal, depois de tanto esforço para se fazer a cabeça das pessoas, o cara vem e diz que não é por aí...
Confira:


FOLHA DIRIGIDA : A educação não faz falta?
JOÃO UCHÔA : A educação mínima ofertada faz falta, mas não para todos. Eu trabalhei com o Amador Aguiar, que fez o Bradesco e não tinha o segundo grau. Para ele não fez falta.

FOLHA DIRIGIDA : Não são exceções?
JOÃO UCHÔA : Mas exceção existe, também conta. E se ele tivesse o segundo grau? Talvez não fizesse o Bradesco, fosse advogado do Bradesco. Eu acho que essa questão de educação é muito exagerada. Teve um menino em São Paulo, estudante de Medicina, que pegou uma metralhadora e metralhou todo mundo num cinema. Aí foram interrogar o pessoal na rua, vira uma senhora e diz “enquanto não houver educação no Brasil..” O cara fazia Medicina. Eu acho que já é um jargão. Educação, saúde, transporte... Há frases que as pessoas ficam falando e não sabem por quê. Se você chega no Nordeste, em certas regiões, tem um menino trabalhando com 12 anos, e minha origem é de lá, aí vem o cara com a educação e diz que ele tem que ir para o colégio. Não tem que ir para o colégio não. Ele pode não ir para o colégio e estar muito bem.

FOLHA DIRIGIDA : O analfabeto é analfabeto porque quer?
JOÃO UCHÔA : Não, não é analfabeto porque quer, como às vezes, a gente também não é advogado porque quer. Como é o meu caso, eu não me formei advogado porque quis, eu arranjei emprego no Fórum e acabei indo para Direito. Mas, se em vez do Fórum, fosse para o Ministério da Marinha, talvez hoje eu fosse um oficial da Marinha. Esse livre-arbítrio é muito relativo. E acho que o cara não é ignorante porque quer, mas quem disse que ele quer ser culto? Ele pode não querer ser culto e a gente vai lá e quer obrigar que ele seja culto. E se ele não quiser? Nós temos que impor, porque ele tem que querer. Onde já se viu não querer estudar? Mas o cara tem direito de não querer estudar. Eu tenho quatro filhos e só um que se formou, três não se formaram, não senti nada, não aconselhei nenhum a estudar. Se nenhum quisesse estudar, para mim também era muito bom. O cara está aí para levar a vida que ele gosta, para ser feliz do jeito que ele gosta, a realidade da vida não é estudar. Estudar é uma opção, quem quiser faz, quem não quiser não faz e não fica pior porque não fez.