Friday, February 24, 2006

Torre do Masp

Temos certeza que o professor Adib Jatene obterá sucesso na causa que advoga: a construção da torre do Masp. Sua defesa ao projeto é tão oportuna quanto o espírito com que Chateaubriand e Bardi empreenderam, ao final dos anos 40, a aquisição da maioria das obras que constituem o acervo do museu.

Conhecemos a tenacidade do professor Jatene, não nos saindo da lembrança sua luta para a aprovação da contribuição que hoje, perene, associamos ao ilustre médico.

O projeto do arquiteto Julio Neves, presidente do Masp, pela própria grandiosidade; um cibercafé, que até poderia ter o nome indígena de Paranapiacaba, a 120 metros de altura, dotaria a cidade com um ponto de destaque indiscutível e possibilitaria um direcionamento dos recursos originários do patrocinador, a empresa de telefonia Vivo, para este sonho acalentado pelo Conselho Deliberativo do Masp.

Parabéns, Dr.Jatene, pelo seu envolvimento de coração, palavras e pensamento.


Para leitura do artigo do Dr.Adib Jatene, publicado na Folha de São Paulo em 24.02.2006 - clique aqui

Wednesday, February 22, 2006

Hora Certa


Hoje, o compasso marcado pelo quartzo de um relógio faz com que este só requeira um acerto por ano. A hora certa está também no celular, no computador de bolso e de mesa, com correção automática pela Internet.

Mas nem sempre foi assim. Houve um tempo, não tão distante, em que os relógios eram mecânicos e dados a atrasos e síncopes, paravam totalmente se o proprietário não lhes desse corda. A corda nada mais era do que uma fita de aço, que tinha a liberação da tensão, provocada por estar enrolada sobre si mesma, controlada por um dispositivo mecânico (âncora e balanço), o que fazia com que os ponteiros, situados na outra ponta da engrenagem se movessem com a velocidade adequada para o registro das horas.

Engenhoso, mas com uma precisão extremamente dependente da perfeição física dos componentes do sistema. A menor falha nas dimensões das engrenagens ou irregularidades nos dentes das rodas se fazia sentir na pontualidade final do sistema. Este, por ser mecânico estava sujeito ao desgaste provocado pelo próprio funcionamento; os eixos das rodas tendiam a alargar os orifícios onde se assentavam, justificando o uso de rubis como mancais. Por tudo isso os relógios com uma boa precisão eram caríssimos.

Nesse mundo, analógico e de ponteiros, era inconfundível a transmissão da Rádio Relógio Federal, do Rio de Janeiro.
Diretamente do Observatório Nacional, a emissora irradiava a hora certa. Nos intervalos entre os três bipes que assinalavam a passagem do minuto, a estação transmitia curiosidades científicas e históricas. Era um serviço cultural, oferecido a todos que dispusessem de um receptor.
Mudou o mundo e a nossa maneira de marcar o tempo, que hoje talvez seja curto para ficar ouvindo informações genéricas transmitidas por uma emissora de radiodifusão, mas fica o fato sempre lembrado pela Rádio Relógio durante sua programação:
Cada minuto que passa é um milagre que não se repete.

Sunday, February 19, 2006

Quincas Borba

Machado de Assis termina o romance Quincas Borba citando o Cruzeiro do Sul, a constelação austral mais facilmente identificavel no céu do Brasil.

O personagem central, Rubião, havia proposto à casada, narcisista, interesseira, mas nunca adúltera, Sofia, um platônico encontro nas estrelas do Cruzeiro. Eles as contemplariam no mesmo instante, fazendo desaparecer qualquer distância que os separasse.

O livro transcorre descrevendo a dissintonia entre o interiorano Rubião e as sutilezas da vida social da cidade grande e sua incapacidade para interagir com a dubiedade de Sofia.

Rubião não percebe que seu único amigo real é o cachorro Quincas Borba, legado do filósofo homônimo que lhe deixara uma fortuna, esta objeto da cobiça daqueles que o cercam.


Progressivamente tomado pela loucura, Rubião perde o contato com a realidade. Morre, imaginando-se Napoleão III, após cingir uma coroa, criada no seu delírio e só por ele vista.

O cachorro, desvairado, foge em busca do dono morto, morrendo ele próprio três dias depois.

Machado dirige-se ao leitor conclamando-o a chorar os dois mortos, ou a rir-se, no caso de só possuir riso; tanto faz, pois como termina o livro: "O Cruzeiro, que a linda Sofia não quis fitar como lhe pedia Rubião, está assaz alto para não discernir os risos e as lágrimas dos homens."

Saturday, February 18, 2006

Aterrisagem Forçada


Em 10.02.1965 era decretada a falência da Panair do Brasil. Hoje reconhece-se que a decisão teve mais motivações políticas do que técnicas; o governo da época pretendia favorecer à Varig, que imediatamente assumiu as linhas até então operadas pela Panair.

Neste 41 anos desapareceram a Cruzeiro do Sul, a Sadia transmutada em Transbrasil e a Vasp. Não é possível se apostar no futuro da própria Varig.

Fica a pergunta: as empresas afundam por si ou com a ajuda dos governos?

Ruy Barbosa

Na postagem abaixo parafraseamos um famoso discurso de Ruy Barbosa, proferido em 1914 no Senado Federal. Aqui vai o parágrafo original:

"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto."

Friday, February 17, 2006

Viva a Poli

Não estou me referindo à Escola Politécnica da USP - que com um corpo docente de 495 professores, dos quais 404 com titulação mínima de doutor, seus mais de 6500 alunos em graduação e pós-graduação e 7000 inscritos nos cursos de educação continuada - é o principal centro de formação na área de engenharia do país.

Não. Estou falando da Poligamia, instituição bem mais antiga e bem mais popular ao gosto e vezo nacional. Multiplicadora da espécie e distribuidora de renda, a Poligamia ri-se, não da honra - conforme lamentava Rui - mas da triunfante legislação anti-nepotismo que pretende impedir que parentes de juízes ocupem cargos de confiança nos tribunais. Se há mais de quarenta anos dizia-se que cunhado não é parente, hoje quem ousará apontar o dedo indicando supostos relacionamentos extraconjugais a frequentar a folha de pagamento de um dos poderes?

A pretensão do legislador chega ao surrealismo de querer impedir o nepotismo cruzado, onde uma autoridade contrata o parente da outra, eliminando o vínculo parental entre beneficiador e beneficiado.

Como dizia Aristóteles: A afirmação de uma coisa não é a negação de outra.

Na guerra santa contra o nepotismo, acabamos por nos tornar preconceituosos.
Nem toda amante de juiz é burra, nem todo sobrinho de desembargador é incompetente e nem todo aparentado com uma autoridade é um incapaz. Impedir, pura e simplesmente o acesso dessas pessoas ao serviço público é injusto para não dizer demagógico, considerando-se o fato de estarmos em ano eleitoral.

Porque não voltarmos à velha solução de contratação exclusivamente via concurso público? Aberto a todos e garantidor da qualificação para o exercício da função, um concurso, conduzido por instituições externas e isentas, é a melhor forma de recrutamento para entidades onde inexiste o patrão, seja ele polígamo ou não.

Thursday, February 16, 2006

Visão de Mundo

Ahmed Hakeem é do Tajikistão. Ele tem uma certa dificuldade para se expressar em inglês, mas tudo bem, sua visão do mundo ocidental é a melhor possível. Clique na foto e veja se você concorda com o perspicaz barbudo.

Wednesday, February 15, 2006

Você iPod

Por 399 dólares vc iPod comprar o top da Apple com 60 GB.

Interessante, mas vc já carrega e carrega seu celular, leva sua máquina fotográfica digital, seu Palm...Não, o Palm vc acabou não usando mais e o laptop virou um desktop que ocupa pouco espaço...

Em termos de portabilidade nada como essas novidades eletronicas, variantes dos bichinhos virtuais que estiveram em voga na década passada (no futuro ninguém vai acreditar nisso), mas vc já se perguntou se realmente precisa delas? Atendem a necessidades reais? Frequentes ou ocasionais? Seriam necessidades manifestas ou inconscientes? Vc iPod ter qualquer um desses objetos ou ele é que iPod ter você?

Tuesday, February 14, 2006

Trote na Poli - É Proibido Proibir

....... ..... foto Folha de S.Paulo 14.02.2006

Sunday, February 12, 2006

TIME - JK - 50'

Há 50 anos, fevereiro de 1956, o recém empossado presidente da então República dos Estados Unidos do Brasil - Juscelino Kubitschek - era capa da Time.

No mandato de cinco anos prometia fazer o Brasil avançar cinquenta. Marcaram o período; a construção da Novacap no planalto central e a receptividade ao capital externo que financiou e estruturou a indústria automobilística nacional.

O carisma pessoal elegeu JK, mas chegar à posse deveu-se mais à sua habilidade mineira; naquele pouco mais de um ano que se seguiu à morte de Getúlio Vargas, não faltaram rumores de possíveis golpes e contra-golpes.

Estadista de perfil democrata, foi criticado muitas vezes pela abertura do país às multinacionais e pelo aumento da inflação no final dos anos 50. Eficiente para administrar crises, Juscelino conseguiu passar a faixa presidencial a Jânio Quadros em janeiro de 1961. Pretendia voltar à presidencia em 1965, mas o país, sob a nova ordem institucional da revolução de março de 64, já não realizava eleições diretas para presidente. A era JK havia terminado.

Friday, February 10, 2006

A Poli Como Ela é.


Na postagem anterior transcrevemos parte de um texto de J.D.Borges. Este, formando pela Escola Politécnica de São Paulo, apresentou-se ao público com um manifesto - A Poli Como Ela É - onde contava a nosotros como, em 1997, funcionava um curso na talvez mais conceituada Universidade do país.

Passaram-se quase dez anos, será que as coisas melhoraram? Difícil saber. Os inconformados, dotados de espírito crítico, normalmente não permanecem tempo suficiente dentro das instituições a que poderiam criticar. Ou são expurgados ou expurgam-se a si próprios, indo buscar a felicidade em outra freguesia.

Seria necessária a repetição da exceção personificada por Borges. Outro aluno capaz de concluir o curso sem cair na letargia que habilita ao estudante pouco afinado com o meio chegar à graduação. Para a maioria o preço a pagar é o embotamento do espírito crítico e da capacidade de expressão.

Bons meninos; pela própria natureza ou domesticados na sucessão dos semestres escolares tendem a se abster de comentários negativos. É a darwiniana busca da sobrevivência pela adaptabilidade.

Funciona para o indivíduo, mas é deletéria para as instituições.

Thursday, February 09, 2006

Quem tem medo do Jô Soares?

Achei na internet um comentário ao livro de Jô Soares - O Homem Que Matou Getúlio Vargas. Surpreendentemente não o elogia. O autor J.D.Borges, agora no Digestivo Cultural, vai na contra-mão da unanimidade nacional; classifica a obra como um trabalho de principiante e atribui o consenso da mídia, quanto aos méritos do Jô escritor, a puro medo do Jô entrevistador. Aqui vai o miolo do texto:

"O Homem que Matou Getúlio Vargas", de Jô Soares, não passa de um romance de principiante, que, de notável, carrega apenas a tão conhecida tendência,
de seu autor, à megalomania. Como se explica então a intenção de reunir, em um único volume, algumas das passagens mais conturbadas do século XX, ressuscitando, ao mesmo tempo, personalidades complexíssimas? Desde o arquiduque Francisco Ferdinando e a eclosão da Primeira Guerra Mundial, até Getúlio Vargas e seu longo governo, passando pelo gangsterismo de Al Capone, pela espionagem de Mata-Hari, pelo esoterismo de Fernando Pessoa, pelas tertúlias de Picasso e seu grupo de Montmartre, pelas traquinagens de José do Patrocínio Filho, pela prisão de Graciliano Ramos, pelas produções da Metro Goldwyn Mayer, dentre otras cositas más?

Nenhum escritor sério se prestaria a isso. (Coisa que até um mero leitor de best-sellers pode aferir.)

O fato é que o inflado Jô jamais se contentaria em escrever um romance comum, sobre pessoas comuns, em paisagens comuns vivendo vidas comuníssimas. Tinha de juntar situações ímpares, tinha de unir personalidades especialíssimas, esbanjando erudição, rearanjando a História, redefinindo realidades, modificando destinos — como nem o próprio Deus ambicionaria.

O resultado, todavia, está bem aquém disso. O resultado é um angu-de-caroço sem tamanho — que quando não causa engulhos, desperta a benevolência e a comiseração do leitor para com a ingenuidade de seu artífice.

O resultado é uma salada de estilos (novela, policial, romance, épico, comédia, carta, diário, reportagem, poesia) e de recursos gráficos (cores, letras, fotos, quadros, indicações, manipulações, falsificações, terminações, capas, setinhas) que tentam, sem sucesso, encobrir a falta de assunto e de propósito da personagem principal, Dimitri Borja Korozec, e, em última instância, do livro.

O resultado é uma narrativa que se propõe acessível, mas que, no fundo, se presta apenas à divulgação de seu criador e de sua ostentatória sabedoria. Se assim não fosse para quê utilizar-se, por exemplo, de vocábulos tão rebuscados quanto "pascácio", "aziaga", "empáfia", "macérrimo", "algaravia", "aleivosia", "pressurosa", "passadiço", "torvelinho", "través", "sabujo", "vendilhões", "alijado", "puídos", "preamar", "singram", "estouvado", "coleando" e "altercação", numa obra que se supõe de entretenimento, e não de etimologia?

O resultado são construções tão antológicas quanto as seguintes: "Sou lotado na delegacia, era melhor usar alguém da rua" (pág. 91), "Os soldados passaram a exercer uma vida subterrânea" (pág. 130), "Erguia os punhos para a esmagar" (pág. 138), "Tem uma campanha pela frente com que se preocupar" (pág. 150). Ou trechos tão confusos quanto este: "Domingo, tarde da noite, em volta de uma das mesas, tacos de snooker na mão, três irmãos gaúchos, filhos de um influente general do Rio Grande, começam uma discussão tola com um aluno mineiro. Outro estudante, este paulista, também da faculdade, vendo o colega de Minas inferiorizado, entra na briga para defendê-lo. Atinge especialmente o mais jovem, um menino pequeno e franzino, aluno do curso de Humanidades, preparatório indispensável para mais tarde ingressar na faculdade. O garoto, ainda imberbe, acaba sendo espancado de forma brutal. Finalmente os demais freqüentadores conseguem apartar os rapazes, porém o mal já está feito. Ao sair trôpego do Bilhar, amparado por seus dois irmãos, ele jura vingança." (pág. 13)

O resultado é uma colagem enciclopédica e esdrúxula, em que nem a idéia central chega a ser uma novidade propriamente dita — dado que Dimitri Borja Korozec não é o primeiro homem-errado no lugar-certo e na hora-certa. (Vide Forrest Gump, de Robert Zemeckis.)

O resultado é a soma desconjuntada das obsessões pessoais do autor e dos envolvidos."

Como eu não li, não posso dizer nada. Mas o que vocês acham do livro produzido pelo gordo onze e meia?

Visual Médico









Do you care about your doctor's appearance?

I've never really thought about how my doctors look. I guess my main concern has always been dealing with my health problems and getting them taken care of. But this study published in the British Medical Journal seems to indicate that many patients do care about how their physicians look and interact with them. Do you have an opinion on this?

Patients preferred doctors to wear semiformal attire, but the addition of a smiling face was even better. The next most preferred styles were semiformal without a smile, followed by white coat, formal suit, jeans, and casual dress. Patients were more comfortable with conservative items of clothing, such as long sleeves, covered shoes, and dress trousers or skirts than with less conservative items such as facial piercing, short tops, and earrings on men. Many less conservative items such as jeans were still acceptable to most patients. Most patients preferred to be called by their first name, to be introduced to a doctor by full name and title, and to see the doctor's name badge worn at the breast pocket. Older patients had more conservative preferences...
BMJ full article

By Merv Sheppard

Wednesday, February 08, 2006

iPod Virtual


Se vc quiser experimentar um iPod virtual - clique aqui - e ouça, sem precisar instalar nada, uma amostra da programação que os Podcasts estão jogando na rede.

Amigo da Onça

O famoso personagem foi criado pelo cartunista pernambucano Péricles de Andrade Maranhão, em 1943, e publicado de 23 de outubro de 1943 a 3 de fevereiro de 1962. Os diretores da revista O Cruzeiro queriam criar um personagem fixo e já tinham até o nome, adaptado de uma famosa anedota. Dois caçadores conversam em seu acampamento: - O que você faria se estivesse agora na selva e uma onça aparecesse na sua frente? - Ora, dava um tiro nela. - Mas se você não tivesse nenhuma arma de fogo? - Bom, então eu matava ela com meu facão. - E se você estivesse sem o facão? - Apanhava um pedaço de pau? - E se não tivesse nenhum pedaço de pau? - Subiria na árvore mais próxima! - E se não tivesse nenhuma árvore? - Sairia correndo. - E se você estivesse paralisado pelo medo? Então, o outro, já irritado, retruca: - Mas, afinal, você é meu amigo ou amigo da onça? Péricles morreu de forma trágica. Na noite de 31 de dezembro de 1961, ele escreveu 2 bilhetes, reclamando da solidão, fechou todas as portas do seu apartamento e ligou o gás. Antes, o último gesto do criador do Amigo da Onça foi colocar um aviso na porta, escrito à mão: "Não risquem fósforos".

Texto extraído do Guia dos Curiosos.

Clique aqui para ver os desenhos de Péricles.

Tuesday, February 07, 2006

Guerra no Iraque

Circula na Internet um clipe de 4 minutos sobre a Guerra no Iraque. Se vc quiser ver clique aqui.

Monday, February 06, 2006

Texto vazio


Está nas bancas a edição 1942 da revista Veja, prova física e inconteste de que governo-imprensa chegaram finalmente a um denominador comum de interesses e objetivos.

A revista e suas similares; Isto É e Época há poucos meses batiam furiosamente no governo federal num crescendo de denúncias a não deixar dúvida quanto ao firme propósito de impedir a reedição do governo petista.

Nada como dar tempo ao tempo. Mostrado seu poder de fogo, as empresas jornalísticas, talvez por remorso, substituem a munição real por balas de festim. Continuam a fazer barulho, mas atiradores e alvo sabem que sem consequencias funestas.

Eleição é número. Para cada exemplar vendido e efetivamente lido em seu conteúdo, centenas de olhos passam apenas pela capa, funcionando esta como panfleto gratuito e de grande penetração popular. As capas contundentes, de alguns meses, foram substituídas por material inócuo, pelo menos politicamente: um cidadão cavalgando uma bomba de gasolina, um cara-pintada islâmico, medicina alternativa, os efeitos dos videos-games sobre as crianças, etc.

Fachada nova, as equipes editoriais focam sua atenção para o material interno da revista. Não há como mudar de posição agora, tampouco como se omitir. A vida política nacional segue seu curso e o leitor reclama um posicionamente coerente de sua revista predileta, o que fazer?

Continuar batendo, é lógico, mas sem implicações eleitorais. Para conseguir este objetivo a competente equipe de Veja adotou uma estratégia dupla: transformou os assuntos objeto de crítica em peças de uma complexidade rocambolesca; relata encontros clandestinos ou secretos e a oferta de milhões para amigos destes ou daqueles, sem esclarecer, contudo, o se pretendia dos beneficiários dos pagamentos (o tom de denúncia faz acreditar que se tratava de algo ilícito).
A trama para afastar Daniel Dantas, do Opportunity, da luta pelo controle da Brasil Telecom é contada com a empolgação de uma história de James Bond, sem deixar claro quem era o mocinho ou o bandido da história.

A segunda estratégia é a denúncia oca e barulhenta de ilícitos tecnicamente inexistentes ou de intenções escusas que podem não ser mais do que o produto de ilações feitas na intimidade das editorias, como por exemplo as críticas a uma eventual candidatura do quase sexagenário Ministro Jobim como vice na futura chapa de Lula. É pouco provável, mas se a lei permite e as afinidades existem, não há porque a chapa não se concretizar. Agora, se as decisões de Jobim como ministro do STF, foram determinadas por interesses menores, cabe o questionamento do papel constitucional, estrutural e social da instituição Supremo Tribunal Federal, questão bem mais complexa do que a condenação de veleidades pessoais, como a praticada pelo texto da revista.

Noutra reportagem em tom de denúncia tomamos conhecimento que o empresário Naji Nahas recebeu da Telecon Itália 3,25 milhões de reais em espécie, a titulo de assessoria. Convenhamos, é um valor significativo, mas a Telecon Itália paga o que quiser a quem quiser, e se em algum momento o interesse público foi prejudicado pela interferencia do Sr.Naji Nahas, a reportagem não contou. E caso não descubra, não conte ou mesmo nada exista, a matéria terá sido informação vazia, a servir apenas na manutenção do tom denuncista adotado pela revista, sequer tirando votos do Sr.Naji Nahas que, até onde sabemos, não é candidato a nada.

Mais do que nunca, o material publicado pela revista funciona como uma pregação para convertidos. Aqueles que já antipatizavam com o governo continuam a comprá-la por sentirem que tem endosso às suas idéias, apenas reiteram sua posição, são votos que o governo já não teria.

Aqueles que simpatizam com o governo, não recebem pela leitura dos textos qualquer informação objetiva e conclusiva que os faça mudar de opinião.

O status-quo agradece.

Sunday, February 05, 2006

Abandono

Lemos hoje na Folha de São Paulo que atrás dos portões da RFFSA, em Juiz de Fora (MG), encontra-se o Trem de Prata, composição que ligava S.Paulo ao Rio de Janeiro em horário noturno, com direito a jantar e leito a 180º.

Por razões diversas, mas com implicações até certo ponto assemelhadas, o trem acha-se entregue, como os aviões da Vasp e da Transbrasil, à ação do tempo.

O glamour da viagem por ferrovia, com suas oito horas de duração, não resistiu à competição com a ponte-aérea, que em 50 minutos fazia a ligação Congonhas - Santos Dumont.

O trem, fabricado na década de 40 pela americana Budd, ligou as duas maiores cidades do Brasil entre 1994 e 1998, quando sua operação foi definitivamente paralizada.

Mesmo durante os anos de funcionamento já havia indícios que mostravam que a história não teria um final feliz: a passagem era cara, mais do que a da ponte-aérea, a precariedade da linha causava constantes atrasos e em S.Paulo o terminal era localizado em um local ermo e de difícil localização.

O aço inoxidável mantém a aparência externa, mas o interior registra os sinais dos oito anos sem cuidados e as marcas dos sucessivos roubos de peças e de componentes das cabines, como colchões e cadeiras de vime.

Hoje, o Trem de Prata, imóvel e abandonado, é um monumento à indiferença e ao descaso; tão nossos, tão brasileiros.

Saturday, February 04, 2006

Baú de textos

Pesquei trechos da entrevista concedida pelo fundador da Universidade Estácio de Sá, João Uchôa Cavalcanti Neto, à Folha Dirigida, em 2001. As idéias de Uchôa incomodaram profundamente a intelectualidade conservadora nacional. Reacionários, vindos da esquerda e da direita, talvez saudosos dos tempo em que poderiam censurá-lo, não pouparam esforços para desqualificá-lo na baixa e na alta mídia. Afinal, depois de tanto esforço para se fazer a cabeça das pessoas, o cara vem e diz que não é por aí...
Confira:


FOLHA DIRIGIDA : A educação não faz falta?
JOÃO UCHÔA : A educação mínima ofertada faz falta, mas não para todos. Eu trabalhei com o Amador Aguiar, que fez o Bradesco e não tinha o segundo grau. Para ele não fez falta.

FOLHA DIRIGIDA : Não são exceções?
JOÃO UCHÔA : Mas exceção existe, também conta. E se ele tivesse o segundo grau? Talvez não fizesse o Bradesco, fosse advogado do Bradesco. Eu acho que essa questão de educação é muito exagerada. Teve um menino em São Paulo, estudante de Medicina, que pegou uma metralhadora e metralhou todo mundo num cinema. Aí foram interrogar o pessoal na rua, vira uma senhora e diz “enquanto não houver educação no Brasil..” O cara fazia Medicina. Eu acho que já é um jargão. Educação, saúde, transporte... Há frases que as pessoas ficam falando e não sabem por quê. Se você chega no Nordeste, em certas regiões, tem um menino trabalhando com 12 anos, e minha origem é de lá, aí vem o cara com a educação e diz que ele tem que ir para o colégio. Não tem que ir para o colégio não. Ele pode não ir para o colégio e estar muito bem.

FOLHA DIRIGIDA : O analfabeto é analfabeto porque quer?
JOÃO UCHÔA : Não, não é analfabeto porque quer, como às vezes, a gente também não é advogado porque quer. Como é o meu caso, eu não me formei advogado porque quis, eu arranjei emprego no Fórum e acabei indo para Direito. Mas, se em vez do Fórum, fosse para o Ministério da Marinha, talvez hoje eu fosse um oficial da Marinha. Esse livre-arbítrio é muito relativo. E acho que o cara não é ignorante porque quer, mas quem disse que ele quer ser culto? Ele pode não querer ser culto e a gente vai lá e quer obrigar que ele seja culto. E se ele não quiser? Nós temos que impor, porque ele tem que querer. Onde já se viu não querer estudar? Mas o cara tem direito de não querer estudar. Eu tenho quatro filhos e só um que se formou, três não se formaram, não senti nada, não aconselhei nenhum a estudar. Se nenhum quisesse estudar, para mim também era muito bom. O cara está aí para levar a vida que ele gosta, para ser feliz do jeito que ele gosta, a realidade da vida não é estudar. Estudar é uma opção, quem quiser faz, quem não quiser não faz e não fica pior porque não fez.

Friday, February 03, 2006

O Presidente e o Cartunista

Faixa Preta


O que pouca gente sabe sobre Chuck Norris:

- As lágrimas de Chuck Norris curam câncer. Mas ele é tão durão que
nunca chorou na vida. Nunca.

- Chuck Norris já contou até o infinito. Duas vezes.

- Chuck Norris não sai à caça. Caçar implica na possibilidade de falha.
Chuck Norris sai para matar.

- Nas letras miúdas na última página do Livro Guinness dos Recordes
está escrito que todos os recordes mundiais pertencem a Chuck Norris e
aqueles listados no livro são os de quem chegou mais próximo.


- A Teoria da Evolução não existe. O que existem são as criaturas que
Chuck Norris permite viver.

- Há uma nova Teoria da Relatividade envolvendo múltiplos universos
nos quais Chuck Norris é ainda pior do que é aqui. Quando Albert
Einstein divulgou a descoberta, Chuck Norris o chutou na cara. Hoje
conhecemos Albert Einstein pelo nome Stephen Hawking.

- O tempo não espera ninguém. Exceto se for Chuck Norris

- Não existem armas de destruição em massa. Apenas Chuck Norris.

- Chuck Norris pediu um Big Mac no Burger King. E foi atendido.

- Chuck Norris consegue dividir por zero

- Algumas pessoas usam uniforme do Superman. Já o Superman usa
uniforme do Chuck Norris.

- Quando Deus disse ''haja luz'' Chuck Norris disse ''diga por favor''.

- Se vc consegue ver Chuck Norris, ele também consegue vê-lo. Se vc
não consegue ver Chuck Norris, provavelmente vc está a alguns segundos
da morte.

- Certa vez, Chuck Norris chutou um cara tão forte que seu pé entrou
na velocidade da luz, voltou no tempo e matou Amelia Earhart enquanto
ela sobrevoava o Pacífico.

- A Grande Muralha da China foi originalmente criada para manter o
Chuck afastado. Falhou miseravelmente.

- Se você perguntar para Chuck Norris que horas são, ele dirá que
''faltam 2 segundos''. Logo após você perguntar ''para o que?'', ele te
dará um chute na cara.

- Chuck Norris dirige um caminhão de sorvete coberto por crânios
humanos.

- Uma vez, Chuck Norris comeu 3 filés de 2 Kg cada em 1 hora. Ele
passou os primeiros 45min transando com a garçonete.

- Chuck Norris é o único ser humano que já derrotou uma parede de
tijolos em um jogo de tênis.

- Chuck Norris não bate manteiga. Ele dá uma voadora na vaca e a
manteiga sai voando.

- Quando paga seus impostos, Chuck Norris apenas envia formulários em
branco e uma foto sua, em posição de ataque. Chuck nunca teve
problemas com a Receita.

- As vagas de deficientes não são realmente para deficientes. São
todas do Chuck Norris, e o que está desenhado no chão é apenas um
aviso para quem parar nelas.

- Chuck Norris originalmente aparece no jogo ''Street Fighter II'', mas
foi removido por Beta Testers porque qualquer botão apertado fazia com
que ele desse uma voadora no adversário. Quanto perguntado sobre o
bug, Norris respondia: ''não é bug''.

- A cena de abertura de ''O Resgate do Soldado Ryan'' é baseada em jogos
de queimada que Chuck Norris jogava na segunda série.

- Chuck Norris certa vez apostou com a NASA que conseguiria entrar na
atmosfera sem utilizar uma roupa espacial. No dia 19 de Julho de 1999,
Norris, pelado, entrou na atmosfera, passando por 14 estados e
alcançando uma temperatura de 3000°C. A NASA, envergonhada pela
aposta, desmente tudo, afirmando se tratar de um meteoro e até hoje
lhe deve uma cerveja.

- Chuck Norris tem duas velocidades: Caminhar e Matar.

- Certa vez, alguém tentou convencer Norris de que uma voadora não
seria o melhor jeito de se chutar. Historiadores relembram o fato como
o maior erro que alguém já cometeu.

- As Tartarugas Mutantes Ninjas são baseadas em fatos reais: Norris
certa vez engoliu uma tartaruga por inteiro e, quando a defecou, ela
tinha 6 pés de altura e lutava karatê.

- Chuck Norris não é forte como um cavalo. Os cavalos que são fortes
como Norris.

- Chuck Norris é conhecido por ter ilustrado o príncipio de Heisenberg:

- Você nunca sabe exatamente onde e com que velocidade ele lhe dará
uma voadora.

- Chuck Norris pode beber um galão de leite em 47s.

- No dia de seu nascimento, ao invés de nascer, Norris soqueou seu
caminho para fora do útero de sua mãe.

- A unidade militar ''Chuck Norris'' não foi utilizada no jogo
Civilization 4, pois uma única unidade poderia derrotar todos os
outros impérios do mundo juntos, no 1º turno.

- Em uma sala comum, existem 1.242 objetos com os quais Norris poderia
matá-lo, incluindo a própria sala.

- Chuck Norris é a razão pela qual Wally se esconde.

- Quando vai doar sangue, Chuck recusa a seringa. Ao invés disso, usa
uma arma e um balde.

- Chuck Norris foi o 4° rei mago e presenteou o menino Jesus com uma
barba, que ele carregou até a morte. Enfurecidos pela evidente
preferência de Jesus pelo presente de Norris, os outros três reis
magos deram um jeito de mascarar estes fatos na Bíblia. Todos os três
morreram pouco tempo depois por causas misteriosas relacionadas a
voadoras.

- Certa vez, em seu aniversário, Norris comeu um bolo inteiro antes
mesmo que seu amigo o avisasse de que havia uma stripper dentro.

- Cientistas estimaram que a energia dissipada na explosão do Big Bang
é equivalente a 1VdCN (Voadora do Chuck Norris).

- A casa de Norris não possui portas. Apenas paredes as quais ele
atravessa.

- A terceira lei de Newton está errada: se para toda ação existe uma
reação, está para ser encontrada uma reação a altura da voadora de
Chuck Norris.

- Chuck Norris não usa gilete. Ele se bate no rosto. A única coisa que
pode cortar Chuck Norris é Chuck Norris.

- Chuck Norris inventou a cor preta. Na verdade, ele inventou todo o
espectro de cores. A não ser o rosa. Tom Cruise inventou o rosa.

- No começo, havia o nada. Até que Chuck o chutou na cara e disse:
''arrume um emprego!''. Esta é a história do Universo.

- Chuck Norris nunca erra um strike jogando boliche. Ele acerta 1 pino
e os outros 9 caem de medo.

- O piloto original do programa ''Survivor'' aconteceu envolvendo 9
pessoas em uma ilha com Chuck Norris. Como não houve sobreviventes,
eles queimaram as gravações e refizeram sem o Chuck.

- Sabe quando eles dizem que se você sonha com a morte, você irá
morrer na vida real? Na verdade, quando você sonha com a morte, Chuck
te acha.

- James Cameron queria Chuck Norris no papel de ''O Exterminador''.
Infelizmente, após um período de gravações, percebeu que seu filme
iria acabar se tornando um documentário trágico e chamou Schwaznegger.

-Quando Chuck Norris faz apoio, ele não está empurrando para cima.
Ele está empurrando a Terra.

- Chuck Norris não lê livros. Ele os tortura até conseguir as
informações.

- Chuck Norris é a única pessoa do mundo que pode enviar uma voadora por
e-mail.

- O Triângulo das Bermudas era conhecido por Quadrado das Bermudas antes
do Chuck Norris chutar um dos cantos.

- Chuck Norris sabe exatamente onde está Carmen Sandiego.

- Chuck Norris não come. A comida é que entende que a única forma de
estar a salvo dos punhos de Chuck Norris é dentro do corpo de Chuck
Norris.

- Chuck Norris não escreve livros. As palavras é que se juntam de medo.

- Toda vez que Chuck Norris sorri, uma pessoa morre. A menos que ele
sorria enquanto dá uma voadora na cara de alguém. Aí, duas pessoas
morrem.

- Quando Bruce Banner fica bravo, ele vira Hulk. Quando o Hulk fica
bravo, ele vira Chuck Norris.

- Chuck Norris destruiu a tabela periódica porque o único elemento que
ele conhece é o elemento surpresa.

- Nada pode escapar da gravidade dos buracos negros, apenas Chuck
Norris. Ele come buracos negros.


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É bom lembrar que Chuck Norris foi treinado pelo Bruce Lee ...

Thursday, February 02, 2006

Made in Sweden

Nascida na Suécia, Greta Garbo chegaria aos Estados Unidos em 1925, acompanhando seu mentor, o diretor Mauritz Stiller, ambos contratados pela MGM. Stiller logo seria demitido e voltaria para a Europa, enquanto Garbo se tornava "A Divina", expressão talvez tomada do filme The Divine Woman - que estrelou em 1928.

Embora o cinema falado tivesse eclodido em 1927, liquidando carreiras de astros de primeira linha, cujas suas vozes foram consideradas impróprias para o microfone, o estúdio evitou expor Garbo até 1930, quando ela faria Anna Christie, seu primeiro "talkie".

Ao interpretar a espiã
"Mata Hari"
, em 1931, Greta Garbo tornou-se a maior estrela do cinema americano. Em 1932 contracena com os irmãos Barrymore em Grande Hotel. Em Rainha Christina - 1933 - contracenando com com John Gilbert, faz uma das mais extensas sequencias sem diálogo do cinema falado.

Na segunda metade da década de 30 é protagonista daqueles que hoje são considerados seus maiores clássicos: faz a personagem de Tolstoi, Anna Karenina, em 1935; A Dama das Camélias, de Dumas, em 1936 e finalmente Conquest, em 1937, onde vive a Condessa Marie Walewska, amante de Napoleão.

Em 1939 Garbo ri, na sua primeira comédia - Ninotchka, onde é a agente russa que aos poucos se deixa seduzir por Melvyn Douglas e pela decadente Paris dos anos 30.

Em 1941, aos 36 anos, Greta Garbo faz seu último trabalho: Two-Faced Woman, nunca mais retornando às telas, apesar das insistentes solicitações da indústria de filmes.

Mais do que nunca, Garbo mostrou sua afinada percepção de tempo. Continuar seria desfazer a fascinação provocada pela sua imagem na tela, afinal um mito não envelhece nem morre; o mito existe para sempre, imutável na nossa imaginação.