Friday, February 17, 2006

Viva a Poli

Não estou me referindo à Escola Politécnica da USP - que com um corpo docente de 495 professores, dos quais 404 com titulação mínima de doutor, seus mais de 6500 alunos em graduação e pós-graduação e 7000 inscritos nos cursos de educação continuada - é o principal centro de formação na área de engenharia do país.

Não. Estou falando da Poligamia, instituição bem mais antiga e bem mais popular ao gosto e vezo nacional. Multiplicadora da espécie e distribuidora de renda, a Poligamia ri-se, não da honra - conforme lamentava Rui - mas da triunfante legislação anti-nepotismo que pretende impedir que parentes de juízes ocupem cargos de confiança nos tribunais. Se há mais de quarenta anos dizia-se que cunhado não é parente, hoje quem ousará apontar o dedo indicando supostos relacionamentos extraconjugais a frequentar a folha de pagamento de um dos poderes?

A pretensão do legislador chega ao surrealismo de querer impedir o nepotismo cruzado, onde uma autoridade contrata o parente da outra, eliminando o vínculo parental entre beneficiador e beneficiado.

Como dizia Aristóteles: A afirmação de uma coisa não é a negação de outra.

Na guerra santa contra o nepotismo, acabamos por nos tornar preconceituosos.
Nem toda amante de juiz é burra, nem todo sobrinho de desembargador é incompetente e nem todo aparentado com uma autoridade é um incapaz. Impedir, pura e simplesmente o acesso dessas pessoas ao serviço público é injusto para não dizer demagógico, considerando-se o fato de estarmos em ano eleitoral.

Porque não voltarmos à velha solução de contratação exclusivamente via concurso público? Aberto a todos e garantidor da qualificação para o exercício da função, um concurso, conduzido por instituições externas e isentas, é a melhor forma de recrutamento para entidades onde inexiste o patrão, seja ele polígamo ou não.

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