Saturday, January 31, 2009

Thursday, January 29, 2009

Wednesday, January 28, 2009

Saturday, January 24, 2009

Saturday, January 03, 2009

Hélio Fernandes

Financiado pelos EUA, Israel afronta o mundo

Essa selvageria de Israel contra palestinos, principalmente os que já vivem isolados de tudo, na Faixa de Gaza, é monstruosidade, crime hediondo.

Culpado

Só que os grandes culpados são os EUA. Desde 1948, quando deveria ser criado também o Estado da Palestina, os americanos manobraram , para que a Palestina não ficasse livre e independente.

Agora, completados os 60 anos da decisão histórica da ONU, Israel não quis deixar o fato sem comemoração. E invadiram sem qualquer aviso a Faixa de Gaza, onde vivem mais de 1 milhão e 500 mil de palestinos. Assassinam (é de assassinato que se trata) na maior impunidade.

Israel sabe que pode fazer o que bem entender, tem o patrocínio, a proteção e o financiamento dos EUA. Que controlarão todas as restrições e os protestos do resto do mundo. Que é o que está acontecendo.

São 60 anos de proteção (e de reciprocidade) Israel-EUA. O dinheiro rola dos EUA para Israel, para que não precisem trabalhar, se dediquem à tarefa integral de sherife americano na região.

O presidente Bush a 20 dias de deixar de ser impopular apenas em casa, depois de ser impopular no mundo inteiro, tentou invadir o Irã sob a alegação de que "tinham artefatos nucleares".

Só não invadiram o Irã porque combatiam errado no Iraque, era o novo Vietnã americano. E Bush foi obrigado a confessar: "A guerra do Iraque foi baseada em informações falsas que a Casa Branca e o Pentágono receberam".

Vejam o perigo, a calamidade e a intranqüilidade que o mundo corre. Com informações inseguras (que é obrigado a reconhecer publicamente), invade um país, sacrifica 2 ou 3 TRILHÕES do dinheiro do seu próprio povo, espalha o medo no mundo.

Já em relação a Israel, o comportamento é inteiramente diverso. Israel não tem "artefatos nucleares", e sim a própria bomba atômica, construída com formidáveis recursos despejados pelos EUA.

Mas não é só a truculência americana que prevalece. A subserviência do resto do mundo, traduzida pela ONU, é assustadora. A ONU não faz nada, os palestinos gritam, se rebelam, são assassinados covardemente. E o Conselho de Segurança da ONU, "faz apelos de paz". De que adianta isso se os americanos são surdos?

PS - É o décimo assalto, em 60 anos. E lógico, não será o último. A ONU, exausta, inútil e esgotada, vai acabar como acabou a Liga das Nações. Envolta em medo, hipocrisia e ambição por cargos.

Friday, January 02, 2009

Quadros Roubados - Picasso e Matisse


Carlos Heitor Cony

2009: navegar não é preciso

A beleza e a poesia do navegar só se encontram quando navegar não é preciso


DE UMA vez por todas fica decretado: navegar não é preciso. Chega! Já deu para encher o saco. A frase é antiga, de 2.000 anos pelo menos, foi ressuscitada pelo autor português Fernando Pessoa, que volta e meia gostava de assumir poetas gregos e latinos caídos mais ou menos em desuso. Eis que, de uma obra extraordinariamente boa e relativamente vasta, o que mais se cita de Pessoa é um pensamento que não é dele.
Coisas assim costumam acontecer. Agora mesmo, na onda criada pelo centenário da morte de Machado de Assis, 99% das matérias publicadas destacaram o possível adultério de Capitu como ponto máximo de uma obra fundamental de nossa literatura. Será terrível se, daqui a cem anos, a posteridade só pensar em Machado na base de Capitu deu ou não deu.
Voltando a Pessoa. O "navegar é preciso", que teve sua razão quando Pompeu incentivou os marinheiros romanos a enfrentar a tempestade no Mediterrâneo, não chega a ser das melhores coisas em matéria de metáfora poética ou existencial. Apela para imagens banais, a viagem, o mar, a nau, uma enxurrada de símbolos comuns que se bastam em repetições de um mesmo sentimento: sair do prosaico, enfrentar desafios, repudiar a mesmice dos dias e da vida.
A segunda parte da frase de Pompeu, assimilada por Fernando Pessoa, é pior do que a primeira: "Viver não é preciso". Vá lá que ninguém precise viver antes de nascer, mas viver é preciso desde que se está vivo. Navegar nem sempre.
Tenho um amigo que mora em Niterói. Durante anos, ele navegava todos os dias para vir trabalhar no Rio de Janeiro. Depois da ponte, descobriu com alegria que navegar não era mais preciso.
Evidente que navegar mesmo, como os fenícios, os vikings, os marinheiros dos navios de cruzeiro e das barcas da antiga Cantareira Viação Fluminense, é ofício bonito, descobre terras estranhas e mares desconhecidos, transporta e também diverte pessoas.
A frase pronunciada por Pompeu acentuou realmente esta necessidade de navegar, Roma estava sem pão, era urgente abastecer a capital do Império com o trigo do norte da África.
Não foi com este sentido que Pessoa escreveu, tampouco é nesse sentido que citam seu verso. O "navegar" para eles é divagar, assumir o devaneio pelo devaneio, atitude que nada tem de poética nem de verdadeira, abastece apenas o escapismo, a falta de lucidez na atitude infanto-juvenil de não assumir o próprio chão e desse chão -aí sim- partir para o sonho se for o caso, ou para o delírio se a barra for impossível de segurar.
Navegar não é preciso, e justamente porque não é preciso, a necessidade do navegar, a beleza e a poesia do navegar só se encontram quando absolutamente navegar não é preciso. A poesia, como sabemos, é uma gratuidade. Sartre dizia que a arte, qualquer arte, é uma generosidade inútil. Os éditos, as ordens do dia, as medidas provisórias, os regulamentos, as leis em geral nada têm de poesia, são até mesmo o oposto da poesia: "é proibido pisar na grama" jamais será poesia. Ainda que na forma sofisticada de: "pisar na grama é proibido". A ordem dos fatores não altera o produto. O bom mesmo é pisar na grama, se houver vontade para isso.
Bem, o ano novo está aí. Foi pesadíssimo este 2008, mas todos os anos velhos, de certa forma, foram pesadões. Talvez tenha havido algum exagero nesses dias que se foram, mas entre mortos e feridos salvou-se muita gente, não se sabe se para melhor ou pior. Não adianta chorar sobre o leite derramado.
No final dos dias de Terror durante a Revolução Francesa, um escritor encontrou antigo deputado da Assembleia Nacional escondido num canto escuro de uma carruagem. Perguntou-lhe o que andara fazendo naqueles dias terríveis, a resposta foi: "Sobrevivi".
É por aí mesmo. Sem necessidade de navegar, a não ser em casos específicos (por exemplo: moradores de Niterói que não possuem carros), o novo ano poderá ser bem melhor para todos se ficarmos convencidos de que viver é preciso, ainda que em forma de sobrevivência. Teremos muito tempo para quando deixarmos de viver.
No mais, boas e gerais entradas.