Wednesday, February 22, 2006

Hora Certa


Hoje, o compasso marcado pelo quartzo de um relógio faz com que este só requeira um acerto por ano. A hora certa está também no celular, no computador de bolso e de mesa, com correção automática pela Internet.

Mas nem sempre foi assim. Houve um tempo, não tão distante, em que os relógios eram mecânicos e dados a atrasos e síncopes, paravam totalmente se o proprietário não lhes desse corda. A corda nada mais era do que uma fita de aço, que tinha a liberação da tensão, provocada por estar enrolada sobre si mesma, controlada por um dispositivo mecânico (âncora e balanço), o que fazia com que os ponteiros, situados na outra ponta da engrenagem se movessem com a velocidade adequada para o registro das horas.

Engenhoso, mas com uma precisão extremamente dependente da perfeição física dos componentes do sistema. A menor falha nas dimensões das engrenagens ou irregularidades nos dentes das rodas se fazia sentir na pontualidade final do sistema. Este, por ser mecânico estava sujeito ao desgaste provocado pelo próprio funcionamento; os eixos das rodas tendiam a alargar os orifícios onde se assentavam, justificando o uso de rubis como mancais. Por tudo isso os relógios com uma boa precisão eram caríssimos.

Nesse mundo, analógico e de ponteiros, era inconfundível a transmissão da Rádio Relógio Federal, do Rio de Janeiro.
Diretamente do Observatório Nacional, a emissora irradiava a hora certa. Nos intervalos entre os três bipes que assinalavam a passagem do minuto, a estação transmitia curiosidades científicas e históricas. Era um serviço cultural, oferecido a todos que dispusessem de um receptor.
Mudou o mundo e a nossa maneira de marcar o tempo, que hoje talvez seja curto para ficar ouvindo informações genéricas transmitidas por uma emissora de radiodifusão, mas fica o fato sempre lembrado pela Rádio Relógio durante sua programação:
Cada minuto que passa é um milagre que não se repete.

No comments: