Monday, June 05, 2006

Da Vinci: Conferido

Mais de duas semanas após o lançamento, o filme O Código da Vinci continua vendendo bem. Os 40 milhões de leitores do livro esperam ver nas telas as cenas presenciadas na imaginação. Dá para sentir que o diretor Ron Howard fêz o que pode, mas não chegou lá. Seria preciso mais do que uma mente brilhante para condensar as 400 páginas da trama escrita em 2 horas e 29 minutos de filme. O resultado foi um imenso trailer, dificilmente compreensível para quem não leu o livro. O romance escrito prende o leitor pelo suspense, os eventos criam uma constante expectativa pelo que virá a seguir, é o que segura o leitor até a última página. No filme, a mesma sequencia de eventos tem o efeito oposto, é uma sucessão de fatos inesperados que quase se atropelam num ritmo rápido e inconsequente, perde-se tempo com cenas que, na adaptação, deveriam ter sido eliminadas. Como exemplo podemos citar a claustrofobia do Prof.Langdon. No livro ela é sugerida no decorrer da estória, preparando o leitor para uma situação de aprisionamento que seria terrível para uma pessoa normal, quanto mais para um claustrófobo. No filme vemos as raízes da claustrofobia de Langdon, mas seu desconforto não vai além de um passeio de elevador com o chefe da polícia francesa. A própria construção dos personagens deixa a desejar; Tom Hanks faz o papel principal com a desenvoltura de um figurante, o capitão Fache é transformado em um descerebrado instrumento nas mãos de um bispo indiscreto, incapaz de manter segredo quanto às confissões feitas por simbologistas norte-americanos.
O livro não é perfeito, em alguns momentos a trama extrapola o plausível, e a mão do autor torna-se visível, mas, comparando, o resultado final é infinitamente superior ao que foi apresentado nos cinemas. Talvez um dia tenhamos um remake.

No comments: