Saturday, December 08, 2007

Entendendo a Receita Oftalmológica

Postado no Blog Garimpando - Itajubá Notícias

Para quem nunca trabalhou com lentes, isso parece muito complexo de início, mas nao é verdade. É até muito simples. Dê primeiro uma lida geral. Depois vá devagar e tente entender cada idem. Não conseguindo, pare nele e tire sua dúvida, para depois passar para o outro item. Vá com calma e relaxado. Logo tudo ficará claro. Sem stress.

Interpretação da Receita

Recebemos a receita:
OD= +5.00-2.00 10º
Aqui se trata do grau do olho direito (OD) se do olho esquerdo seria OE.
Iniciamente temos um sinal, o +. Significa que se trata de um caso de hipermetropia, um problema corrigido com grau positivo, lentes esféricas positivas.
Temos então uma hipermetropia de +5.00 no olho direito.
A receita poderia terminar aí, mas temos uma combinação, ou seja: -2.00 a 10º. Significa que temos também um astigmatismo, um cilindro de 2.00 graus negativos colocado em um eixo de 10º de inclinação.
Essa lente então, que corrigirá o problema do paciente, seria composta por uma lente esférica de 5.00 graus, ou dioptrias. Em cima dessa lente seria polida, colocada outra, cilíndrica, no eixo 10º que corrige -2,00
Analisando essa lente, no eixo 100º ( contrário de 10º, ou 10+90º), temos uma lente de +5.00.
No eixo de 10º, o fornecido temos +5.00-2.00, ou seja, +3.00 dioptrias.


Outra receita:
OE= -5.50 -3.00 85º
Aqui o olho esquerdo é míope, corrigido com lentes negativas, de 5.50, mas tem também uma combinação: no eixo 85º tem uma lente cilíndrica de -3.00. Resumindo, e comparando com a receita de cima, temos, no eixo 175º ( contrario de 85º, ou 85º +90º ), uma lente de -5.50. Agora, no eixo assinalado temos uma soma das duas lentes, a esférica e a cilíndrica, -500 + (-300), ou seja, -8.00 dioptrias.



Se tivermos a receita
OD= P, ou 0, ou simplesmente não estiver nada marcado, quer dizer que essa lente é plana, sem grau.

No caso de aparecer uma lente com a graduação seguinte:
OD= +2.00 +2.00 20º
Esse é o sistema americano, que pouca gente usa. Fazemos a transposição, que é uma regra simples:
1) somamos esférico +cilíndrico
no caso +2.00+2.00 = +4.00
2) mantemos o cilindro, mas com sinal invertido, ou seja, ficamos com
+4.00 -2.00
3) Terminando, invertemos o eixo, ou seja, somamos ou diminuímos 90º ( se o grau apresentado for maior que 90º, diminuímos, se menor, somamos — se , somo no caso for 20º, somamos 90º - fica 110º.
Se fosse, por exemplo 120º, diminuiríamos. Ficaria 30º.
No caso, então:
OD=+2.00+2.00 20º = +4.00-2.00 110º
O modo de escrever é diferente, mas as lentes são exatamente as mesmas.

Outra lente:
+5.00 135º
significa que não temos esférico, que não existe nem hipermetropia e nem miopia, mas sim e só um astigmatismo positivo de 5.00 dioptrias a 135º.
Seguindo a regra da transposição, essa lente seria a mesma que
+5.00 ( soma de esférico=0 + cilindro=5.00), mantendo o sinal, pois deu positiva soma )
vamos manter o mesmo cilindro, 5.00, mas agora com sinal invertido (-5.00) e invertemos o eixo.
A lente + 5.00 135º é igual à lente +5.00-5.00 a 45º (135-90º)

É importante entender bem as lentes, sabendo qual a direção mais positiva, qual a mais negativa, porque usamos isso ao conferir, ao ler as lentes no lensômetro, ou lensmeter. Ao colocarmos a lente nele, primeiro a centramos bem. Quando a lente é esférica, positiva ou negativa, a leitura é direta. Quando tem astigmatismo, temos dois focos, um mais positivo e outro mais negativo. Tomamos primeiro a mais positiva, ou menos negativa, que é a mesma coisa. Depois a mais negativa (que dita o eixo ). Marcamos então o eixo. Por exemplo:
Caso A: o primeiro foco é com as linhas se inclinando para 130º e ficando nítidas com o giro em +2.75. O segundo foco é com as linhas se inclinando a 40º ( um foco, logicamente, é sempre perpendicular ao outro, ou seja, com uma diferença de 90º), e marcamos +1.25. Qual o grau da lente? É, logicamente:
+2.75 – 1,50 a 40º . E de onde surgir esse -1.50? Da diferença entre +2.75 e +1.25, os valores dos dois meredianos.
Caso B: o primeiro foco é com as linhas se inclinando a 25º e marcando -2.00. O segundo foco é com as linhas, logicamente se inclinando a 115º e marcando -1.00.
Quando o esférico? O -1.00, o segundo foco, pois é o mais positivo, ou menos negativo. E o cilindro é também -1.00, pois vem da diferença entre os dois meredianos, -2.00 e -1.00. O Eixo é o do lado mais negativo como sempre, ou seja, 25º. A lente é então:
-1.00-1.00 25º

Outro exemplo:
OE=-4.25 15º
Aqui não precisamos transposição porque o cilindro já está no negativo. Indica que não existe miopia ou hipermetropia, mas somente um cilindro negativo com ação de -4.25 a 15ºº. Na verdade essa colocação de cilindro é mais complexa, mas não é o caso de discutirmos agora.

Outro:
OD= -8.00
OE= +7.00
Indica que o olho direito tem uma miopia de 8 dioptrias e o olho esquerdo tem uma hipermetropia de 7.00 dioptrias. Provamente nunca encontraremos uma combinação assim, pois isso daria uma diferença de 15.00 dioprias entre um olho e outro e isso levaria a uma intolerância visual.



Bem, essas são as lentes de visão simples.
Podem ser incolores, e então de vários materiais, geralmente com especificação feita pelo medico oftalmologista: cristal ( vidro ), resina, policarbonato, etc.
As cores podem também variar, como rb 50 ( levemente esverdeadas ), color ((cor a escolher ), fotocromáticas ( cristal, variando, escurecendo, com a luz solar ), transitions ( fotocromáticas feitas em resina ).
As lentes podem ainda ser com AR ( banho anti-reflexo ), endurecidas (tratamento para diminuir a possibilidade de quebra ), com banho anti-UV, protegendo contra radiação ultravioleta, solares especiais, como G15, etc...
Quando as lentes tem graduação forte geralmente são grossas, ficando feias e desconfortáveis. Temos então as lentes high-lite, que, apesar de bem mais caras, diminuem bem a espessura no caso de altas miopias, e a miolight no caso de hipermetropias. A cada dia temos lançamentos de lentes diferentes, que os fabricantes garantem ser as melhores, mas temos de ver muito o custo-benefício, para o paciente.


Até os 40 anos essas lentes geralmente resolvem bem, mas depois disso, o sistema de foco dos olhos complica para perto, ou seja, o cristalino vai ficando endurecido e não consegue fazer o foco para perto. A pessoa vai afastando os livros para ler.
Se a pessoa não tiver grau para longe, a receita dela vem assim:
OD= +2.00
Isso significa que ela precisa de uma lente de +2.00 para poder ler à distancia padrão de 33 cm. Essa lente só dará visão nesse ponto. Se o paciente precisar de distancias diferentes, isso é incumbência do oftalmologista.
E essa receita:
OD= +2.00 -1.00 75º ad+1.50?
Analisando a primeira parte da receita, vamos ver que temos uma hipermetropia de +2.00, combinada com um astigmatismo de -1.00 a 75º. Temos então uma lente positica de +2.00 e sobre ela, no eixo de 75º temos um cilindro de 1.00. Refinando mais, notamos que no eixo de 165º temos 2.00 dioptrias e no eixo 75º temos 1.00 ( +2.00-1.00 ).
Mas e agora, essa adição de +1.50?
Significa que temos outro sistema de lentes, para perto, em que somamos +1.50 no esférico anterior, ou seja:
Temos para perto, no olho direito +3.50 (+2.00_+1.50 ) -1.00 75º
Comparando com o raciocínio anterior, temos a 165º uma lente de +3.50 e no eixo 75º temos +2.50, ou +3.50-1.00.

Temos vários modos de fazer essas lentes. Podemos faze-las separadamente, como lentes para longe e lentes para perto. Precisamos aqui de 2 pares de óculos.
Podemos fazer bifocais, onde, numa mesma lente temos o grau para longe e o grau para perto, como se fosse uma outra lente fundida na principal.
Temos, por exemplo:
1) panoptik, ou flat-top, com topo reto, em linha superior. Mais indicado quando a soma entre os esféricos e cilíndricos for negativa, como , por exemplo
OD= -1.00-1.25 70º adição +1.00
2) ultex, quando a soma entre os esféricos e cilindros for positiva, como, por exemplo
OD= +2.00-1.00 80º adição +1.25
3) temos ainda o kriptok, o “coringa”, que serve para os dois casos.

O tipo de bifocais geralmente vem especificado pelo medico.

Atualmente temos também as lentes multifocais, de vários tipos e vários preços. Algumas são melhores que outras, donde a diferença em valores, mas todas geralmente funcionam bem.
As multifocais podem também variar em materiais, com policarbonato, resina, etc, em cores e em marcas.
As multifocais tem a vantagem de dar a visão em praticamente todas as posições de mirada. A adaptação não é simples, e, alem da precisão da confecção das lentes, depende do “querer” do paciente, e do usar direto nos primeiros 15 dias.
A grande vantagem das multifocais é estética, também, pois não tem a divisão das bifocais, que dizem envelhecer os pacientes.

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