Saturday, June 09, 2007

Como fazer uma apresentação

Baseado no Curso de Expressão Verbal, de Reinaldo Polito:

São diversas as situações em que saber se comunicar é importante.

Oralmente, pode-se tratar de uma simples conversa, uma palestra ou a exposição de um produto. Por escrito, pode ser desde escrever um memorando, um relatório, um texto jornalístico ou até um livro.

Em qualquer tipo de comunicação, falada ou escrita, devemos atentar para as quatro partes que constituirão nosso discurso:

1 - Introdução

2 - Preparação

3 - Assunto Central

4 - Conclusão

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PRELIMINARES:

-TIPO DE PLATÉIA

Devemos ter sempre em mente que a comunicação se destina a uma platéia, que pode ser constituída por uma ou mais pessoas. A comunicação só existe porque existe o ouvinte.

É importante verificar quem é o nosso público. Falar da mesma forma para qualquer auditório é um erro. A mensagem deve ser adaptada às características do grupo a que nos dirigimos.

Por exemplo:

Um público ignorante com certeza não entenderá abstrações e reflexões. Quando nos dirigirmos a ele devemos passar informações concretas e objetivo e, se for o caso, fazer uso de estorinhas. Caso levantemos uma reflexão, será necessário dar a conclusão.

Um público com mais preparo tem prazer em chegar, por si, às conclusões.

Quando nos dirigimos a especialistas será inútil e tedioso falar em termos superficiais, por outro lado, ao nos dirigirmos a leigos, o contra-indicado é procurar abordar temas numa profundidade que inviabilize seu acompanhamento.

O público jovem é idealista, tende a pensar no futuro.

O público idoso é saudosista, sente pouca atração pelo futuro.

É de grande importância o fato de falarmos com homens ou com mulheres.

-INTERESSE DO PÚBLICO

Para estabelecermos uma sintonia com a platéia, é importante saber quais são os interesses das pessoas a quem dirigimos a palavra.

Nosso grupo poderá estar primordialmente focado em:

-Dinheiro
-Realização profissional
-Família
-Poder
-Amor
-Política
-Religião
-etc

-PÚBLICO DESCONHECIDO

Quando nos deparamos com um auditório desconhecido, podemos inferir sua características notando detalhes, por exemplo:

-como as pessoas se sentam
-como se vestem ou penteiam o cabelo
-tipo de relógio que usam
-como reagem à observações sutis (é um indicativo do preparo da platéia).
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INTRODUÇÃO:

No primeiro segmento de nosso discurso, nosso objetivo é conquistar o ouvinte.

Nesta etapa devemos EVITAR:

-Contar piadas
-Pedir desculpas (seja por problemas físicos ou pela falta de preparo)
-Tomar partido (em assuntos polêmicos ou controversos)
-Fazer perguntas, quando não desejamos a resposta do auditório
-Prometer algo que não possamos cumprir
-Ser previsíveis

Devemos utilizar o VOCATIVO de acordo com as circunstâncias.
As pessoas devem ser cumprimentadas pela ordem de importância e, se for o caso, com destaque para a maior autoridade presente.

Formas de se INICIAR a exposição:

-Aludir à ocasião.

As formas a seguir são úteis no início da exposição, mesmo que o público seja o do pior tipo: o público indiferente.

-Usar uma frase de impacto
-Usar um fato bem humorado - de preferência com uma informação do momento
-Contar uma estória
-Mostrar a utilidade para o público da apresentação que vai ser feita (vantagens).
-Levantar uma reflexão.

Menos problemático que o público indiferente, temos o público hostil
A hostilidade pode ser dirigida ao orador, ao tema ou ao ambiente.

Hostilidade ao orador - Pode ser devida ao fato do público não acreditar na autoridade ou na experência de quem vai falar. Cabe aí, ao orador, demonstrar que tem autoridade e experiência para tratar do tema.

A hostilidade ao orador pode ser atribuída ao fato dele ser desconhecido do público, o recurso, no caso, é estabelecer uma identidade, que pode ser:
-Identidade de pessoa - Procurar, na platéia, um conhecido com prestígio junto ao público.
-Identidade de tempo - Citar um fato ocorrido, ou a ocorrer, de conhecimento do público.
-Identidade de lugar - Citar o prédio, o bairro ou a cidade - conhecidos do público.

Se a hostilidade ao orador for devida ao fato dele ser jovem ou novo na função e houver dúvidas quanto à sua autoridade, o recurso mais eficaz é fazer uma citação de uma autoridade que seja respeitada pela platéia.

Se a hostilidade se dirigir ao tema, é importante:

-Não tomar partido
-Criar um campo de neutralidade
-Listar os pontos que temos em comum com o público

Para hostilidade ao ambiente, devemos prometer brevidade e fazer o possível para manter o prometido.

Uma forma de conquistar a simpatia do público é elogiando-o e reconhecendo sua importância naquela apresentação.

Em se tratando de situações onde tenhamos um antagonista, destacar as qualidades do concorrente ou adversário também é um recurso válido para se obter simpatia.

Recapitulando:

Na introdução iniciamos com: uma alusão à ocasião, um elogio ao público ou ao adversário. Podemos usar uma frase de impacto, um fato bem-humorado, uma estória interessante ou podemos levantar uma reflexão. Devemos apresentar as vantagens para a platéia, construir um campo de neutralidade com os pontos que temos em comum com os ouvintes, devemos demonstrar autoridade de forma sutil, podemos citar uma autoridade e fazer uma promessa de brevidade.

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PREPARAÇÃO - Pode ser dividida em três partes: preposição, narração e divisão.

Preposição: Uma ou duas frases que resumem o conteúdo do assunto e aonde pretendemos chegar (nem sempre essa fase é possível, como no caso do assunto ser contrário ao interesse do ouvinte).

Narração - permite três abordagens - sendo que uma das duas últimas podem ser simultâneas com a primeira:

1ª Abordagem: Retrospecto histórico - antecedentes do assunto que vai ser tratado.
2ª Abordagem: Levantar um problema - para o qual apresentaremos a solução no assunto central.
3ªAbordagem: Dar a solução a um problema - aí, no assunto central, fazer o detalhamento da solução.

Divisão: Dividir o assunto em três ou quatro partes, o que facilita o entendimento (essa divisão pode ser comunicada à platéia).
(nem sempre a divisão deve ser expressa, como no caso do assunto ser único ou a fala curta, mas mesmo assim, podemos fazer uma divisão mental).

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O ASSUNTO CENTRAL:

No assunto central devemos desenvolver a preposição - lembra, aquela uma ou duas linhas que resumiam o assunto? A esta etapa chamamos CONFIRMAÇÃO.

É a hora da argumentação com exemplos, estatísticas, estudos, teses e testemunhos.
Os argumentos fortes devem ser apresentados separados e de forma individualizada.
Os argumentos fracos devem ser apresentados em conjunto
Para argumentos com pesos diferentes devemos apresentar primeiro um argumento médio e, posteriormente, seguir do mais fraco até o mais forte.

É o momento de ilustrar o assunto com estórias, nossas de preferência, afinadas com o momento.
Caso nos refiramos à grandezas, devemos traduzí-las em valores que façam sentido para os ouvintes. Por exemplo: toneladas de asfalto em quilómetros.

Para ligar duas idéias importantes usamos os chamados elementos de transição, que podem ser:

-Perguntas - por ex.: O que ocorreu a partir dessa decisão?
-Frases - por ex.: Passemos agora a um dos pontos mais importantes do relatório.
-Expressões - por ex.: enquanto isso, concluindo, portanto.
-Resgate de Informações - por ex.: conforme dissemos anteriormente...

Os elementos de transição ligam a informação passada com aquela que pretendemos colocar a seguir.

-RECUPERAÇÃO DO FOCO DE ATENÇÃO DA PLATÉIA:

Depois de um tempo de exposição, pode ocorrer uma falta de concentração da platéia na figura do orador, entre os recursos para recuperá-lo podemos citar:

-movimentação do corpo, depois de alguns minutos.
-recursos audio-visuais - ligar o retroprojetor, por exemplo.
-contar uma estória aproveitando as circunstâncias
-um comentário rápido e leve, para relaxar a platéia.

-A REFUTAÇÃO - A DEFESA DOS ARGUMENTOS

As objeções nem sempre são expressas, mas mesmo assim devem ser refutadas. Senão, não adianta ir até o final. A platéia não irá comprar nosso produto e nossas idéias.
Como muitas vezes nós nem sabemos se a objeção existe, devemos tomar cuidado para não sermos nós a levantá-la. O que devemos fazer é reforçar a linha de argumentação, apresentando como um ponto positivo a refutação da objeção não expressa.

A refutação segue um critério inverso ao da confirmação:
Os argumentos frágeis devem ser refutados um a um.
Argumentos com pesos diferentes devem ser refutados do mais forte para o mais fraco.

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CONCLUSÃO:

Nesta etapa nosso objetivo é levar o ouvinte à ação ou à reflexão. Fazemos isso através da RECAPITULAÇÃO, que nada mais é do que o resgate da preposição: uma ou duas frases sobre aquilo que falamos.

-FORMAS DE ENCERRAMENTO

Aqui resgatamos a INTRODUÇÃO:

-Aludindo à ocasião
-Valorizando a atenção da platéia
-Colocando uma frase de impacto
-Utilizando um fato bem humorado
-Fazendo um reflexão
-Fazendo uma citação

-INFLEXÃO NA CONCLUSÃO

Se nós encerrarmos falando no mesmo ritmo do nosso discurso, vai ficar difícil para o ouvinte saber que terminamos. Para evitar isso utilizamos o recurso de alteração da inflexão da voz.
Basicamente podemos optar por uma das duas formas a seguir:

-Aumentar a velocidade da vocalização na conclusão.
-Diminuir a velocidade da vocalização ao proferirmos a última frase de nosso discurso.

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RESUMO -



INTRODUÇÃO: conquista do ouvinte.



PREPARAÇÃO:

contamos o assunto - PREPOSIÇÃO

levantamos um problema ou apresentamos uma solução, junto com dados históricos - NARRAÇÃO

dividimos o assunto - DIVISÃO



ASSUNTO CENTRAL:

confirmamos e desenvolvemos a preposição - CONFIRMAÇÃO

apresentamos argumentos contra as possíveis objeções - REFUTAÇÃO



CONCLUSÃO:

resgatamos a preposição, agora como algo demonstrado - RECAPITULAÇÃO

encerramos, resgatando a introdução e dando à voz a inflexão correta.

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