Pleno nordeste brasileiro. O caminhante encosta o umbigo no balcão da doceira dum shopping meia-boca. Dentro da vitrine está o doce. Todas as calorias a que tem direito: chantily na cobertura, doce-de-leite no recheio. Caro, quase 10 dólares o quilo. Lá; refrigerado, íntegro e redondo está o objeto do desejo. O balconista com cara de foda-se o mundo numa bolha-de-sabão aproxima-se. O caminhante pede:
-Me dá um pedaço deste aqui - dedão espetado para a gulodice.
O balconista responde, descompromissado:
-Esse é encomenda, não pode não.
O caminhante não se conforma:
-Mas, eu quero esse...
O atendente esclarece:
-Pode não, tá até com o papel do pedido.
Sem possibilidade de negociação com essa modalidade de comércio regional, o caminhante põe distância entre seu ventre e o balcão e sai soltando fumaçinha.
O mundo tinha feito a má ação do dia.
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