Jefferson Péres
| Como toda grande potência – no caso, superpotência – os Estados Unidos provocam, em todo o mundo, sentimentos díspares, antagônicos, às vezes misturados, de inveja, ódio, medo e admiração.
De minha parte, sinto um misto de inveja e admiração sobretudo por um aspecto particular da sociedade americana: a solidez e funcionalidade das suas principais instituições.
A começar pela mais importante, a Constituição Federal, com mais de duzentos anos e basicamente a mesma desde a sua promulgação. Pode ser chamada realmente, sem retórica, de Carta Magna.
Não menos respeitável o seu Poder Judiciário, que, de modo geral, salvo exceções, funciona com independência e rigor. Especialmente na esfera penal, que não respeita fortuna, status nem fama. Criminosos de qualquer nível social, sejam milionários ou celebridades, vão a julgamento e, condenados, vão para a cadeia. Ah, que inveja!
Da mesma forma, o sistema político-partidário impressiona pela sua durabilidade, equilíbrio e representatividade. Com dois partidos principais, centenários, dotados de identidade própria e ambos com forte apoio social, escapam do perigo das ditaduras de cúpula e do esclerosamento, graças ao saudável mecanismo das eleições primárias.
Isto se percebe na disputa deste ano, particularmente no Partido Democrata, com a ascensão de Barack Obama, a colocar em cheque a escolha de Hillary Clinton, preferida da direção do partido. Seu desempenho nas primárias destrói a crença de que a conquista da Presidência da República estaria reservada aos membros da elite branca e endinheirada.
Vitoriosa ou não, a candidatura de Obama terá prestado um grande serviço ao seu país, interna e externamente, ao derrubar as barreiras de raça e de classe, demonstrando o vigor da democracia americana.
Barack Obama está inaugurando a Era pós-Bush. Ótimo, para os Estados Unidos e para o mundo.
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